O Certifica Minas Café deve atingir a marca de 1.755 propriedades cafeeiras certificadas até o fim de 2012. O programa é uma iniciativa do governo estadual, executado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O Certifica Minas Café estimula os produtores a adotarem boas práticas de produção, uma gestão moderna da propriedade e a preservação ambiental.
Atualmente, 214 municípios mineiros participam do Certifica Minas Café, que até o fim de 2011, havia cadastrado 1.230 propriedades.
Com a atuação de extensionistas especialmente treinados para a atividade, a Emater–MG orienta os produtores sobre as adequações das fazendas candidatas à certificação. Após essa etapa, o IMA faz as auditorias preliminares para checar se todas as exigências foram obedecidas. Em seguida, uma certificadora de reconhecimento internacional faz a auditoria final e concede a certificação às propriedades.
“Esse é um programa inovador. Acreditamos que, nos próximos anos, o Certifica Minas Café vai tomar uma dimensão cada vez maior e vamos conseguir atender mais produtores, sempre priorizando a qualidade no processo”, afirma o coordenador do Certifica Minas Café/Emater–MG, Julian Silva Carvalho.
O programa chama a atenção dos cafeicultores para a necessidade do equilíbrio entre produção e meio ambiente. A cafeicultura é a principal atividade agrícola de Minas Gerais. O Estado é o maior produtor do país, sendo responsável por mais de 50% da produção nacional. Além de sua importância econômica e social, a cafeicultura está ligada diretamente aos recursos hídricos. A cultura do café está situada nas principais bacias hidrográficas do Estado.
Entre as diversas ações ambientais do Certifica Minas Café se destacam aquelas voltadas para a preservação dos recursos hídricos. Atualmente, o cafeicultor tem de cumprir 95 itens para conseguir a certificação de sua propriedade, dos quais 34 referem-se a ações voltadas à preservação ambiental e 23 são especificamente sobre produção e conservação dos recursos hídricos.
As ações são bastante diversificadas. Em todas as propriedades certificadas são elaborados mapas georreferenciados, destacando todas as fontes de água e projetos contendo um planejamento para proteção das mesmas. As nascentes devem estar protegidas para evitar o pisoteio e a compactação do solo e facilitar a revegetação.
O cafeicultor também tem de adotar diversos procedimentos para a conservação e preservação da água e do solo. Dentre eles estão a manutenção da vegetação entre as linhas do cafeeiro, a construção de caixas de contenção de enxurradas e a realização de roçadas para controle do mato. Essas práticas melhoram a infiltração da água no solo e diminuem o seu escoamento superficial. Além disso, aumentam a diversidade biológica da propriedade e evitam a erosão.
De maneira geral, os resíduos sólidos das propriedades são recolhidos, acondicionados e dispostos de forma adequada. O esgoto doméstico e resíduos de atividades agropecuárias e agroindustriais também devem receber tratamento adequado, conforme a legislação. Os produtores são estimulados a plantar árvores nativas ou frutíferas para aumentar a diversidade biológica, o sombreamento da cultura, a proteção do terreno e, consequentemente, a infiltração de água no solo.
Há quatro anos, a propriedade do cafeicultor Nelson Duarte, no município de Itamogi, Sul de Minas, é certificada. A sugestão foi dos extensionistas da Emater–MG. No início, o produtor teve uma certa resistência à ideia. “Achei um pouco difícil fazer as adequações na propriedade”, conta Duarte. Mas o cafeicultor não demorou a se cadastrar no Certifica Minas Café. “A certificação ajuda a melhorar a qualidade e a valorizar o nosso produto”, diz.
Para Nelson Duarte, o Certifica Minas Café vai além das questões de mercado e ajuda a preservar o meio ambiente. Sua propriedade tem algumas fontes de água que formam um pequeno curso d’água, que vai desaguar no principal rio do município. Antes do programa, as fontes não eram protegidas. Hoje, o local está cercado, o que evita, por exemplo, o pisoteio e a compactação do solo e facilita a revegetação.
O produtor também aprendeu a fazer o reaproveitamento da água utilizada no lavador de café. Depois de lavar os grãos, ela é direcionada para a lavoura e infiltra no solo. Os resíduos sólidos da propriedade são recolhidos e dispostos de forma adequada. O mesmo acontece com o esgoto doméstico, que também recebe tratamento correto. Os agrotóxicos recomendados são guardados em lugar afastado e as embalagens vazias devolvidas nos locais autorizados. “O Certifica Minas me alertou para a preservação do meio ambiente e em especial para a preservação da água. Assim como o ar, a água é uma necessidade básica e precisamos cuidar dela”, conta Nelson Duarte.
Reconhecimento
Pelo trabalho de preservação dos recursos hídricos, o Certifica Minas Café recebeu, em 2011, o prêmio Furnas Ouro Azul. A iniciativa é dos Diários Associados em parceria com a Furnas Centrais Elétricas e tem como objetivo valorizar ideias viáveis para revitalização e conservação dos recursos hídricos. O Certifica Minas Café foi o segundo colocado na 10ª edição do prêmio, na categoria Empresa Pública.
“Pelo fato de a Emater–MG trabalhar e divulgar a importância do meio ambiente é que, hoje, o produtor rural também se preocupa com a preservação ambiental. Esse prêmio é uma valorização do esforço de todos os extensionistas da Empresa, que buscam o equilíbrio entre a produção e o respeito ao meio ambiente”, diz o presidente Maurilio Guimarães.
Agência Minas