Em Minas Gerais, a expectativa é de que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), em 2016, com base nos dados de setembro, alcance R$ 58,2 bilhões, alta de 9,39%. O aumento da safra de importantes produtos agrícolas, como o café e a soja, e preços em alta são justificativas para o incremento no resultado estadual, que foi impulsionado pela agricultura. O VBP das lavouras cresceu 20,68% no período, enquanto o valor da pecuária recuou 7,54%, em função de um cenário de custos elevados, queda de produção e dos preços dos principais produtos. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“O acréscimo no VBP de 2016 foi proporcionado pelos nossos produtos da agricultura, enquanto a pecuária apresenta um desempenho negativo. As questões dos bovinos, dos suínos e do leite pesaram bastante na composição dos resultados do setor, com diminuição da produção e aumento das oscilações de preços”, explicou a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso.
No caso da agricultura, o VBP foi estimado em R$ 38,5 bilhões, aumento de 20,68% frente ao valor de R$ 31,9 bilhões registrados no ano anterior.
A soja foi um dos destaques. O VBP da cultura atingiu R$ 5,83 bilhões, um incremento de 41,46%, frente a igual período do ano passado. Além da produção recorde de 4,7 milhões de toneladas, volume 35% maior que o da safra anterior, os preços pagos pela oleaginosa se mantiveram mais elevados que os praticados em 2015, contribuindo para a evolução do VBP.
A menor safra e a demanda aquecida pelo milho, tanto no mercado externo quanto no interno, fizeram com que os preços da saca do cereal fossem alavancados, o que justifica o avanço de 23% no VBP, que foi estimado em R$ 3,78 bilhões.
O café, principal produto do agronegócio mineiro, também encerrou o período com resultados positivos. A produção total foi avaliada em R$ 14,2 bilhões, crescimento de 26,78%. O VBP do grão tipo arábica, R$ 14 bilhões, ficou 27,7% superior, enquanto o café conilon recuou 1,8%, com o VBP estimado em R$ 119,7 milhões.
“O aumento no VBP do café já era esperado por estarmos no período produtivo de alta e pelas perdas provocadas pelo clima, o que contribuiu para que os preços se mantivessem mais valorizados”.
Ainda segundo Aline, o aumento de 2% no VBP da cana-de-açúcar, que atingiu R$ 4,9 bilhões, foi estimulado pela maior produção de açúcar, que segue com preços mais valorizados em função da grande demanda internacional.
O VBP do feijão foi estimado em 1,8 bilhão, variação positiva de 28,57%.
Mamona – A produção mineira de mamona também mostrou recuperação no VBP, que encerrou o período estimado em R$ 453 mil, alta de 81,28%.
“Apesar do incremento em 2016, a produção de mamona em Minas, que está concentrada na região Norte do Estado, vem caindo ao longo dos últimos anos em função dos baixos pedidos da Petrobras, que utiliza o produto para abastecer a usina de biodiesel em Montes Claros. Diante do plano de negócios anunciado recentemente, a Petrobrás tem a intenção de sair do negócio de biocombustíveis e, com isso, o destino da unidade ainda é incerto. Por isso, precisamos acompanhar o cenário para analisar melhor o futuro da produção”, explicou Aline.
A batata-inglesa, cujo VBP alcançou R$ 3,26 bilhões, apresentou alta de 77,7%. A banana também teve desempenho positivo, com a cultura avaliada em R$ 1,5 bilhão, valorização de 36,3%. “No caso da batata e da banana a maior produção e os preços valorizados contribuíram para os resultados positivos”, disse Aline.
Receita da pecuária no Estado deve cair 7,54%
Com custos elevados e preços desvalorizados, a pecuária em Minas Gerais vem apresentando queda na produção. Com isso, o VBP foi estimado em R$ 19,6 bilhões, retração de 7,54% em relação ao valor registrado em igual período do ano passado, quando a produção pecuária foi avaliada em R$ 21,2 bilhões.
Dentre os produtos, o leite foi que o apresentou a principal queda no VBP, 12,8%, com a produção avaliada em R$ 6,87 bilhões. Os custos elevados e os preços baixos fizeram com que muitos produtores optassem pela redução na captação.
De acordo com a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, a situação pode ser ainda mais grave, já que as importações de leite em pó estão em alta.
“A Faemg está acompanhando a situação de perto e já pediu ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a suspensão das importações. Estamos entrando no período de chuvas quando a tendência é de aumento da produção de leite e queda nos preços. A situação do setor leiteiro é delicada e se continuar a importação será ainda mais agravada”.
Situação desfavorável também foi verificada no VBP dos bovinos. A produção foi avaliada em R$ 6,1 bilhões, queda de 7,67%. No segmento dos suínos, a queda no VBP é de 13,84%, com a produção avaliada em R$ 1,6 bilhão. As oscilações de preços e os custos de produção em alta, principalmente com o milho, desestimularam os abates e contribuíram para a retração no VBP.
Já o VBP da produção de frango foi estimado em R$ 3,7 bilhões, alta de 2,7%.