Em 2016, o VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) de Minas Gerais alcançou R$ 60,4 bilhões, aumento de 12,3% frente ao resultado registrado em 2015. A elevação foi puxada pelo setor agrícola, cujo VBP cresceu 24,7%, enquanto o resultado da pecuária recuou 6,5%. Para 2017, a expectativa é de resultados positivos, uma vez que o clima, até o momento, está favorável para a produção agropecuária e é esperada a retomada da economia, o que poderá estimular o consumo.
De acordo com os dados divulgados pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), os resultados de Minas Gerais foram melhores que o nacional. Enquanto o VBP do agronegócio mineiro cresceu 12,3%, o VBP da produção agropecuária do Brasil recuou 1,8%, atingindo R$ 527,9 bilhões.
A coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, explica que 2016 foi marcado pelas questões climáticas, que afetaram grandes regiões produtoras do País.
“A produção de Minas Gerais foi prejudicada pela seca, principalmente, no período da safrinha. Foram 159 municípios decretando situação de emergência em função da estiagem. É um número bastante alto e que interfere nos resultados de diversas lavouras, principalmente de grãos. No período da safrinha, as produções de milho e feijão foram as mais prejudicadas em relação ao volume colhido, o que estimulou os preços. Como o VBP é calculado multiplicando os preços e a quantidade, o resultado do Estado foi positivo”, disse.
Para 2017, a princípio, as expectativas são positivas. “Esperamos que o produtor tenha mais fôlego em 2017, com uma recuperação melhor da economia, refletindo de forma positiva no setor. Aguentamos 2016, que foi um ano difícil, e esperamos que 2017 seja melhor. O ano iniciou com a cotação de vários produtos em alta, como o café e a soja. Além disso, o clima, por enquanto, está favorável para a produção”.
Em Minas Gerais, o VBP da atividade agrícola foi de R$ 40,29 bilhões, um crescimento de 24,7% sobre os R$ 32,31 bilhões em 2015. O destaque do setor foi o café. O VBP do principal produto do agronegócio estadual alcançou R$ 15,4 bilhões, aumento de 36% frente ao valor de R$ 11,3 bilhões verificados em 2015.
“Além da produção maior, os preços do café se mantiveram em patamares mais elevados ao longo de 2016, o que foi essencial para o resultado positivo. Isso fez com que o cafeicultor negociasse a safra a preços melhores. Não podemos afirmar que houve recuperação da renda do cafeicultor, mas traz expectativas positivas”.
Outro produto relevante no Estado, a cana-de-açúcar, encerrou o período com VBP de R$ 5 bilhões, variação positiva de 3,1%. A produção mundial menor, a demanda em alta e os preços rentáveis estimularam a produção de açúcar em Minas Gerais e impulsionaram o resultado da cana.
Grãos
A soja, produto com o segundo maior valor do VBP, também apurou bons resultados: alcançou R$ 5,76 bilhões, aumento de 37,6%. A crescente demanda mundial foi fundamental para que os preços se mantivessem mais elevados, mesmo com uma produção maior no período.
O VBP do milho encerrou 2016 em R$ 3,96 bilhões, alta expressiva de 26,8%. Ao longo de 2016, o aumento das exportações e a demanda interna aquecida fizeram com que os preços atingissem patamares recordes permitindo a evolução do faturamento da cultura.
Alta também foi verificada no VBP de feijão, que ficou 55,2% maior, somando R$ 2,26 bilhões. A estiagem severa prejudicou a segunda safra do produto, limitando a oferta e estimulando os preços.
Pecuária registrou recuo de 6,5% no Estado
Ao contrário da agricultura, os resultados da pecuária de Minas Gerais foram negativos. De acordo com os dados do Mapa, o VBP dos produtos pecuários retraiu 6,5% e encerrou o ano em R$ 20,1 bilhões.
Dentre as produções pesquisadas, somente frangos e ovos apresentaram resultados positivos. No caso do frango, o faturamento da produção, R$ 3,8 bilhões, cresceu 6%. Já no segmento de ovos a evolução foi de 0,4%, com o VBP somando R$ 1,25 bilhão.
Com o aumento do desemprego e a queda da renda das famílias, o consumo de ovos e carne de frango foi estimulado pelos preços mais acessíveis. Além disso, o resultado do frango foi favorecido pelo aumento das exportações.
Entre os produtos que encerraram o ano com queda no VBP, a maior retração foi verificada no segmento de suínos, 11,6%, com faturamento de R$ 1,7 bilhão. O VBP da produção de leite ficou 8,4% menor em 2016, alcançando R$ 7,26 bilhões.
“No caso do leite houve uma queda muito grande na captação e os custos de produção subiram muito. Os preços pagos aos pecuaristas se mantiveram sustentados, especialmente em junho, julho e agosto. Os produtores que conseguiram fazer controle de custos tiveram uma renda melhor, principalmente, neste período”, explicou a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso.
De acordo com os dados do Mapa, o VBP dos bovinos caiu 10,9%, encerrando o período em R$ 5,9 bilhões. “O resultado negativo dos bovinos é justificado pelo abate de matrizes, que aconteceu nos anos anteriores, e pelas dinâmicas do mercado como o aumento da inflação, que também influencia nos preços e na demanda do consumidor”, disse.
Diário do Comércio