Na safra 2017/18 de grãos, Minas Gerais deve colher 13,3 milhões de toneladas, volume que, se alcançado, será 5,5% inferior ao recorde de 14 milhões de toneladas colhidas na safra passada. O impacto negativo veio, principalmente, do milho, que, devido aos preços inferiores, foi substituído pela soja, grão que tem maior liquidez no mercado. Os dados são do 5º Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No atual período produtivo, foi verificada queda de 2,4% na área cultivada, que somou 3,29 milhões de hectares. Também é esperado recuo de 3,2% na produtividade média, uma vez que o rendimento por hectare foi estimado em 4 toneladas.
Assim como em Minas Gerais, a tendência é de queda de 5,1% na produção de grãos no País, que deve somar 225,5 milhões de toneladas. Mesmo com a queda, o secretário substituto de Políticas Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sávio Pereira, destaca que a produção agrícola tem papel fundamental na economia brasileira.
“Ao que tudo indica, vamos colher uma safra muito boa, apesar do volume pouco menor. É importante ressaltar que a safra anterior foi recorde e excepcional em termos de clima. Mesmo com a queda, estamos mantendo o dinamismo da safra passada e esse tamanho de safra no País contribui para a redução da inflação”, explicou Pereira.
Um dos fatores que interferiu na produção mineira foi a queda verificada na produção de milho. De acordo com os dados da Conab, em Minas Gerais, o plantio de milho primeira safra apresentou uma redução de 13,6% na área em relação à safra anterior, caindo de 909,4 mil hectares para 785,7 mil hectares. O resultado negativo na área é resultado da maior predileção dos agricultores pela soja, que apresentava preços mais remuneradores no período de plantio.
Em Minas, a produção de milho primeira safra foi estimada em 4,88 milhões de toneladas, 15,7% menor que a colhida na safra 2016/17. Em algumas áreas do Estado, foi registrado veranico e, por isso, a produtividade deve recuar 2,4%, com rendimento em torno de 6,2 toneladas por hectare.
Para a segunda safra de milho, ainda que a área esteja indefinida para Minas Gerais, a perspectiva é de aumento da colheita, que pode alcançar 2 milhões de toneladas, incremento de 19,3%. A produtividade estimada está 19,3% superior, com rendimento médio de 5,7 toneladas por hectare. Os números são iniciais e podem ser ajustados nos próximos levantamentos. Somando as duas safras, a previsão é colher 6,9 milhões de toneladas de milho, queda de 7,7%.
O superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo Antônio de Oliveira Neto, destaca que o momento é de tomada de decisão por parte do produtor em relação ao plantio da segunda safra. Alguns fatores podem contribuir para um menor investimento na cultura como, por exemplo, os estoques elevados que podem provocar retração nos preços do milho.
“Estamos no momento especial de tomada de decisão do produtor na safra 2017/18. É período de colher a soja e decidir os investimentos no milho segunda safra. Outro fator que pesa na decisão do produtor é o atraso do plantio da soja. Em Minas Gerais, o vazio da soja terminou em 30 de setembro e o normal é plantar a soja já no dia seguinte, mas houve uma demora de mais 28 dias para iniciar o plantio. O atraso na semeadura da soja faz com que a janela do plantio do milho segunda safra se encurte, o que aumenta muito o risco climático”, explicou Oliveira Neto.
Assim como verificado no milho, a tendência também é de queda na produção mineira de soja. O levantamento da Conab aponta para uma produção de 4,87 milhões de toneladas, volume 3,8% inferior quando comparado com as 5 milhões de toneladas colhidas em 2016/17. A retração é resultado da produtividade 5,9% menor, com rendimento estimado em 3,2 toneladas por hectares. A área plantada cresceu 2,3%, com o uso de 1,48 milhão de hectares.
Feijão e algodão
Para o feijão, as expectativas são positivas. A produção mineira na primeira safra será 6,2% maior, com a colheita de 207,3 mil toneladas. A área de cultivo ficou 1,4% inferior, com o uso de 158,8 mil hectares. Já a produtividade tende a crescer 7,6%, com rendimento estimado em 1,3 tonelada por hectare.
A previsão é colher 156 mil toneladas na segunda safra de feijão, o que representa um avanço de 1%. No período, a produtividade média será de 1,3 tonelada por hectare, variação positiva de 0,9%. A área destinada ao plantio ficou estável, com o uso de 116,8 mil hectares.
No algodão, a expectativa também é positiva. Com a demanda e os preços em alta, a safra mineira deve crescer 34,3% somando 78,3 mil toneladas de algodão em caroço. A expansão na área plantada foi de 36,5%, somando 21,3 mil hectares. A produtividade da cultura foi estimada em 3,6 toneladas por hectares, o que, se concretizado, será 1,7% menor que a registrada na safra anterior.