A safra 2015/16 de grãos em Minas Gerais, que está em fase de finalização, deve alcançar 11,86 milhões de toneladas, volume apenas 0,4% superior ao registrado no período produtivo anterior. As questões climáticas interferiram no rendimento de importantes culturas, como o milho e o feijão, fazendo com que a produção mineira de grãos ficasse praticamente estável. A tendência para a próxima safra, que começa a ser plantada entre setembro e outubro, é de elevação nas produções de milho e soja, em função da demanda aquecida e dos preços elevados.
De acordo com o 11º Levantamento da Safra 2015/16 de Grãos, elaborado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área cultivada foi de 3,26 milhões de hectares, alta de 1,3%. A produtividade alcançou 3,6 toneladas por hectares, ficando praticamente estável em relação ao ano safra anterior, com queda de apenas 0,9%.
Dentre os produtos, o destaque foi a soja. A colheita da oleaginosa somou 4,7 milhões de toneladas, volume 34,3% maior. A área de cultivo foi ampliada em 11,4% com o uso de 1,4 milhão de hectares. O clima foi favorável para a cultura e fez com que a produtividade crescesse 20,6%, com rendimento médio por hectare de 3,2 toneladas.
De acordo com o analista da Céleres, empresa de consultoria focada na análise do agronegócio, Enilson Nogueira, na próxima safra a tendência é de expansão da área de soja, só que em níveis menores que os observados nos anos anteriores, uma vez que a concorrência com o milho primeira safra será grande. A safra de soja no País, segundo os dados da consultoria, deverá alcançar 103 milhões de toneladas no período em 2016/17, incremento de 5,3% em relação à temporada anterior.
“Apesar da desvalorização do câmbio frente ao dólar, a tendência é que a demanda siga aquecida pela soja na safra 2016/17. Porém, a rentabilidade do milho deve ser maior, o que vai pesar na decisão dos produtores. Assim como no País, em Minas Gerais a tendência é de crescimento menos expressivo da soja que o registrado na safra 2015/16”, explicou Nogueira.
Milho
Na safra 2015/16, a produção de milho em Minas Gerais alcançou 6 milhões de toneladas, retração de 12,5%. O impacto veio da menor área plantada, 5,7%, com o uso de 1,2 milhão de hectares devido à migração para a cultura da soja. A produtividade, 4,9 toneladas por hectare, caiu 7,3%, em função da escassez de chuvas ao longo da segunda safra do produto.
A colheita da segunda safra de milho, que está praticamente encerrada, registrou queda de 36,1% no volume, que somou 897,7 mil toneladas. No período, a produtividade recuou expressivos 55,7%, com a colheita de 1,4 toneladas por hectare. A área cultivada, 367,9 mil hectares, ficou 44,3% maior.
De acordo com os pesquisadores da Conab, em Minas Gerais com a elevação dos preços, que ficaram superiores a R$ 40 por saca de 60 quilos no período de plantio, houve forte tendência de ampliação da área de cultivo de milho segunda safra. No entanto, a forte estiagem que se seguiu ao longo do mês de abril atingiu as lavouras nas fases de desenvolvimento vegetativo, formação de espigas e enchimento de grãos, causando sérias perdas.
Com essas perdas em Minas Gerais e em outros estados produtores, os preços do milho seguem aquecidos, assim como a demanda proveniente, principalmente, dos setores de proteína animal. Com isso, a tendência para o próximo período produtivo é de significativa expansão da área. De acordo com os dados da Céleres, na safra de verão 2016/17, no País é esperada expansão de 12,7% na área (6,41 milhões de hectares) e de 21,7% na produção, que na primeira safra pode alcançar 35,12 milhões de toneladas do cereal. Minas Gerais, importante Estado produtor de milho primeira safra, deve acompanhar o desempenho nacional.
“Diferente do que aconteceu nos anos anteriores, quando o milho verão cedeu espaço para a soja, a tendência é de expansão da área cultivada do cereal. A demanda pelo milho é grande e a safra de inverno, cuja colheita já passou da metade, apresentou perdas importantes, e isto vem sustentando os preços. Este cenário dificilmente vai mudar até a safra de verão, principalmente pelo lado da demanda. Pois, apesar da recente valorização do real, o câmbio ainda mantém a competitividade das proteínas animais no mercado internacional”, explicou Nogueira.