O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de maio estima safra de 195,9 milhões de toneladas em 2016, que representa queda de 6,5% em relação à produção de 2015, quando totalizou 209,4 milhões de toneladas, como informou, ontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A nova projeção é também inferior a de abril, em 9,5 milhões de toneladas. Uma vez confirmada, o Brasil terá o maior recuo em volume, de 13,5 milhões de toneladas, da série histórica do indicador iniciada em 1975.
Com o mesmo movimento desfavorável, a produção brasileira de grãos 2015/2016 projetada pelo 9º Levantamento de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), também divulgado ontem, deverá alcançar 196,49 milhões de toneladas, o que corresponde à queda de 5,4% (11,12 milhões de toneladas a menos) em comparação com 207,67 milhões de t na safra 2014/15. A Conab informa que a estimativa é superior à safra 2013/14, que foi de 193,6 milhões de toneladas.
Conforme comunicado da estatal, a redução na produção é fruto de adversidades climáticas, que prejudicaram o milho de primeira e segunda safras durante o ciclo vegetativo, como estiagens prolongadas e altas temperaturas. A primeira safra do cereal, que deve alcançar 26,2 milhões de tonelada, registrou queda de 3,9 milhões de toneladas. Já a segunda safra de milho, que começa a ser colhida este mês, tem previsão de 50 milhões, o que representa recuo de 4,6 milhões de toneladas. Ao todo, a produção nacional de milho deverá diminuir 10%, para 76,23 milhões de toneladas, ante 84,67 milhões da safra 2014/15.
A produção soja, responsável por 48,7% da produção nacional de grãos, mesmo prejudicada pelo clima, registrará colheita de 95,63 milhões de toneladas, 0,6% inferior à safra passada, que foi de 96,23 milhões de toneladas. Pela primeira vez no ano a estimativa para a produção de soja em 2016 não foi recorde, segundo o IBGE. Desde 2013 a produção do grão vinha batendo recordes no país.
De acordo com o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Carlos Antonio Barradas, apesar do aumento de 2,7% da área plantada de soja, o produtor vai colher menos soja por causa da seca. O rendimento médio caiu 1,6% em decorrência das longas estiagens enfrentadas em vários estados e, em especial, na região do cerrado. “Os problemas climáticos estão afetando a produtividade”, disse Barradas. A redução nas previsões de produção para a soja e o milho, em especial da 2ª safra, cuja estimativa do instituto caiu 11,1%, foram as principais influências na redução dos cálculos de produção de grãos para o país em 2016.
ÁREA COLHIDA
Para arroz, feijão e algodão, a estimativa também é de recuo na produção total, “levada a efeito pela redução na área plantada e pela estiagem ocorrida no período”, informou, ainda, a Conab. Entre as culturas de inverno, o trigo se destaca com uma produção de 5,88 milhões de toneladas, 6,3% superior à safra anterior, que atingiu 5,53 milhões. O estudo da companhia mostra que a área cultivada de grãos em todo o país deve alcançar 58,2 milhões de hectares, o que representa um aumento de 0,4% ante a safra 2014/15, quando foram cultivados 57,9 milhões de hectares.
A estimativa da área a ser colhida pelos produtores agrícolas brasileiros em 2016 é de 57,7 milhões de hectares, representando crescimento de 0,2% em relação a 2015, quando foi de 57,6 milhões de hectares. Em relação à projeção de abril, a área recuou 1,4%. O arroz, o milho e a soja – os três principais produtos da safra nacional – responderam por 87,4% da área a ser colhida e 92,5% da estimativa da produção. Na comparação com 2015, houve acréscimo de 2,7% na área da soja e redução de 0,4% na do milho. A área de arroz teve redução de 9,1%. Quanto à produção, houve recuo de 0,4% para a soja e de 11,6% para o arroz.
De acordo com os dados do IBGE, em relação à estimativa de abril, a previsão para a soja caiu 1,7%, somando 96,8 milhões de toneladas para o ano. Já a do milho foi 9,6% menor que a estimada de abril, para 73,5 milhões de toneladas. No caso do milho, Mato Grosso, Paraná e Goiás são os estados que mais provocaram impacto nos dados nacionais no levantamento de maio.
Além desses produtos, o trigo terá produção 13,2% maior em 2016 do que a estimada em abril. De acordo com Barradas, isso reflete a previsão de aumento de 75,8% do rendimento médio do produto no Rio Grande do Sul, depois de dois anos de queda de produção. Com isso, cresce a disposição dos produtores em investir em tecnologia para a safra. No caso do arroz, houve muita chuva no Rio Grande do Sul, responsável por 71,9% da produção. Isso atrasou o plantio e dificultou o desenvolvimento da safra. Com isso, a produção de arroz será 4,3% menor que a estimada em abril.
Inflação dos alimentos
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,12% na primeira prévia de junho, ante avanço de 0,59% na primeira prévia de maio, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, acumula aumentos de 5,31% no ano e de 11,58% nos últimos 12 meses. Influenciado pela alta do setor agropecuário, o Índice de Preços no Atacado (IPA-M), que compõe o indicador, sofreu reajuste médio de 1,55%. Os preços agrícolas estavam 3,23% mais altos na primeira prévia deste mês, depois de terem subido 1,7% em maio.
Jornal Estado de Minas