Problemas com iluminação pública têm sido frequentes na zona rural, reclamam produtores
Os recorrentes episódios de falta de energia elétrica foram tema de uma reunião entre sindicatos de produtores rurais do Sul de Minas Gerais e representantes do Sistema Faemg Senar junto à Cemig. Durante o encontro, os problemas vivenciados nas fazendas foram repassados à diretoria da companhia responsável pela rede de energia em mais de 770 municípios do Estado.
O encontro ocorreu na última sexta-feira (10/03). Em comum, os presidentes de sindicatos citaram problemas como falta de investimento na rede de energia da região, ineficácia do serviço prestado por profissionais terceirizados à Cemig e demora no restabelecimento da luz. Para Sirlei Silverio, presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Baependi, as falhas estão diretamente ligadas à estrutura física das linhas de transmissão da estatal.
“As linhas são antigas, não existe um trabalho de prevenção, só o corretivo que já não resolve nada. O Brasil nesses últimos anos evoluiu bastante o meio rural, a demanda por energia triplicou e estamos trabalhando com linhas de 30 anos atrás”, frisou Silverio. Para ele, a situação é preocupante. “Estamos à beira do abismo”, classificou Sirlei.
Ele defende, junto com outros presidentes, o acionamento do Ministério Público para solucionar a questão. “Não dá mais para ficar esperando a boa vontade da Cemig. Precisamos tomar medidas mais sérias porque a Cemig tem direitos, mas não tem deveres junto ao consumidor”, avaliou. Eduardo Pereira de Castilho Rafael, presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Caxambu, reforçou a falta de investimento na rede de energia da região como fator preponderante aos problemas vivenciados.
Ele afirma que em várias ocasiões os produtores chegam a ficar dias sem luz, situação que leva à perda da produção. “Temos pessoas perdendo muito leite, outros alimentos que estão nos congeladores”, lamentou. A situação é comum durante o ano, mas Eduardo observou um agravamento durante o período chuvoso. Especificamente na região do sindicato, ele lembra que a falta de poda de árvores tem agravado a situação.
“A árvore acaba esbarrando na linha e rompe os cabos. Mas estão trabalhando somente na correção desse problema, apagando os incêndios e a Cemig disse que está com dificuldade para contratar uma empresa para fazer toda essa manutenção”, citou. Presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Cruzília, Marcelo Junqueira Ribeiro afirma que as falhas no fornecimento de energia têm impedido o uso de ferramentas tecnológicas adotadas para otimizar o trabalho no campo.
“Principalmente na cadeia do leite isso tem acontecido. Hoje a ordenha das vacas é toda feita mecanicamente, dependendo da energia elétrica. E ainda tem o armazenamento e refrigeração do leite até o momento de ir para a indústria”, sinalizou.
Insegurança
Além da perda de mercadoria que deveria ir à comercialização, a falta de luz também tem levado à insegurança no campo. Marcelo Junqueira afirma que os sistemas de alarme e as câmeras de segurança das fazendas, que dependem da energia, acabam não funcionando. Outro problema diz respeito à comunicação, já que muitos telefones na zona rural dependem das antenas de rádio. “Está bastante problemático”, definiu o representante dos produtores.
Em Minduri, a presidente do Sindicato de Produtores Rurais, Maria Aparecida Ferreira, afirma que os consumidores rurais de energia estão vivendo no escuro. “Em geral, a gente trabalha muito com o produtor para que ele use tecnologias e comece a mudar as coisas nas fazendas para que tudo funcione de um modo melhor. Mas de repente não tem luz e, não tendo luz, não tem água, não tem como fazer ração dos animais”, exemplificou.
Maria Aparecida Ferreira acrescenta que os problemas duram entre 5 e 10 dias em alguns casos. “Do que adianta ter câmera de segurança se não temos luz?”, questionou a presidente do sindicato. Para a assessora técnica do Sistema Faemg Senar, Aline Veloso, que também participou da reunião, “É um direcionamento nosso aos sindicatos para que levantem informações, repassem à Faemg porque vamos levar à Cemig para tratativas e entender qual o plano de ação da distribuidora tendo recebido essas demandas. Ação estratégica, direcionada e, também, com acompanhamento”.
O encontro com os representantes da Cemig também teve a presença e atuação forte da deputada federal Ana Paula Junqueira, que é produtora na região e acompanha a situação junto aos produtores.
Envio à Aneel
As queixas apresentadas pelos sindicatos de produtores rurais contra a Cemig vão embasar um ofício do Sistema Faemg Senar que vai ser entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As informações vão ser anexadas ao processo de tomada de subsídios nº 029/2022. O procedimento está sendo realizado pela Aneel para obter informações que possibilitem avaliar ações para avaliar e aumentar a satisfação do consumidor em relação à prestação de serviço da companhia energética, neste caso a Cemig.
As contrições para a TS podem ser feitas por todos os consumidores diretamente e por instituições, diretamente à Aneel. Mais informações estão disponíveis no site da agência. Além disso, as questões serão levadas ao Conselho de Consumidores da Cemig, do qual o Sistema Faemg Senar faz parte, e ao processo de revisão tarifária da Cemig, em andamento na Aneel, com previsão de reajuste médio de 10,03% nas contas de luz. A audiência pública está marcada para a próxima sexta-feira 17/3, em formato presencial, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte.
Fonte: FAEMG