Queixas de produtores vão desde segurança até longos períodos de falta de luz nas propriedades rurais
Tratamento inadequado no recebimento das demandas de consumidores rurais, oscilações na tensão entregue, interrupção do fornecimento por longos períodos e falta de comunicação sobre os cortes programados. Essas foram algumas das queixas de produtores e Sindicatos de Produtores Rurais relacionadas ao serviço das distribuidoras que atuam em Minas Gerais, reunidas pelo Sistema Faemg Senar, e que foram enviadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
As contribuições ocorreram no escopo do processo de Tomada de Subsídios (029/2022), realizado pela Aneel, para avaliar ações que podem aumentar a satisfação do consumidor em relação à prestação de serviço. Os problemas vivenciados pelos produtores de Minas Gerais foram listados em um ofício enviado à agência e em documento direcionado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil com as demandas do setor para composição de posicionamento em âmbito nacional.
“Os produtores rurais enfrentam dias sem energia elétrica e incorrendo em fortes prejuízos, econômicos e produtivos, independente do seu tamanho ou atividade produtiva”, reforçou o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo. No trabalho de escuta dos produtores, encabeçado pela Gerência Executiva Técnica, ficou constatado que os consumidores rurais têm recebido atendimento diferenciado se comparado aos consumidores urbanos.
Há uma sequência de queixas da forma como os produtores são atendidos quando precisam apresentar alguma solicitação às distribuidoras de energia, de acordo com a assessora técnica do Sistema Faemg Senar, Aline Veloso. Em alguns casos, os problemas de conectividade do campo também impactam diretamente para que muitos produtores não consigam ter acesso correto aos atendentes.
“Acrescenta-se que, muitas vezes, há diferenciação quanto ao atendimento presencial para o público ‘urbano’ e ‘rural’ (normalmente pessoas mais simples), na forma como os atendentes recebem os produtores, muitos relatam desdém, e que são taxativos na negativa de soluções, sem apresentar o caminho para o atendimento à demanda apresentada”, destacou Aline.
A automação do atendimento oferecido pelas distribuidoras no formato virtual também é ponto de insatisfação entre os consumidores rurais. Aline Veloso frisa que são recorrentes as reclamações de produtores e sindicatos sobre as oscilações de tensão no fornecimento de energia. Dentre as queixas, a falta de luz por períodos longos – que chegam a durar uma semana em alguns episódios -, é acompanhada pela falta de comunicação das distribuidoras sobre interrupções na rede de energia que são programadas pelas distribuidoras.
“A energia elétrica é fator fundamental para o desenvolvimento econômico e a restrição em seu acesso, falta de capacidade da rede e oscilação de tensão, dificulta o investimento por parte dos produtores – na irrigação e na agroindustrialização, por exemplo”, assinalou Aline Veloso. A falta de luz, inclusive, também ocasiona queixas de insegurança patrimonial e física, reclamam os produtores.
Um dos problemas listados para a falta de segurança diz respeito ao serviço prestado por empresas terceirizadas. Há queixas de que os trabalhadores ligados às empresas não atuam identificados de maneira correta.
Sugestões
Nos ofícios enviados, o Sistema Faemg Senar sugeriu à Aneel que os consumidores de áreas rurais tenham índices de qualidade do serviço prestado e de satisfação distintos dos consumidores urbanos. Atualmente, a medição é feita junto ao consumidor urbano em uma única metodologia – o Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC). “A percepção da qualidade da energia fornecida pelas distribuidoras é bastante distinta entre as classes de consumo”, argumentou Aline Veloso.
Outro pedido foi para que se tenha um rigor maior da Aneel junto às distribuidoras quanto aos incentivos econômicos para as empresas que infringirem os requisitos de qualidade do serviço prestado. Também foi recomendada a fiscalização da aplicação das regulamentações e punição às distribuidoras.
As solicitações se juntam à retirada de benefícios tarifários para a classe de consumo rural, equiparando as condições estabelecidas para consumidores urbanos no preço da tarifa). “É uma situação que penaliza ainda mais os consumidores rurais de energia, uma vez que estes enfrentam todos os problemas citados acima e com o agravante de DEC (Indicador Coletivo de Continuidade que mede a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) rural real é muito superior ao DEC urbano em algumas localidades e intensificadas em determinadas épocas do ano”, acrescentou.
Fonte: FAEMG