A influenza aviária é uma ameaça real e deve receber a atenção imediata do setor produtivo. Em workshop sobre a doença realizado para técnicos em 14 de fevereiro, no Lanagro/MG (Laboratório Nacional Agropecuário de Minas Gerais), em Pedro Leopoldo, ficou evidente que o Brasil não está preparado para conter um surto. Portanto, a melhor opção é a prevenção.
A mensagem passada aos 200 técnicos de instituições de pesquisa, associações de produtores, granjas e agroindústrias mineiras que participaram do evento foi clara: todos devem estar atentos aos mínimos sinais da doença.
Fundamental é o envolvimento do produtor, que deve cumprir as normas sanitárias, fechar seus estabelecimentos a visitações, ter planos de contingenciamento e incentivar a capacitação de seus técnicos para reconhecimento dos sintomas da doença. Também devem adotar como rotina o envio de amostras para análise laboratorial como forma de garantir a sanidade de seu plantel.
Outro ponto essencial, de acordo com o superintendente técnico da FAEMG, Altino Rodrigues Neto, é agilizar a criação do Fundo de Defesa Sanitária, abastecido com recursos públicos e privados. “Os recursos de um fundo como o que propomos poderiam ser liberados mais rapidamente caso Minas tenha que enfrentar um surto, dando celeridade a ações para a erradicação, bem como garantiria alguma indenização para minimizar o prejuízo de produtores que tivessem que abater seus plantéis”.
Risco iminente
Recentemente foram registrados casos em 45 países, principalmente na Europa e Ásia. Na América do Sul, há ocorrências no Chile. Daí a urgência de mobilização no Brasil para prevenir a ocorrência de casos.
O diretor-técnico da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ariel Antônio Mendes, ressaltou que, mesmo em países com planos de contingência bem estruturados, diante de um surto, amargaram prejuízos astronômicos. “Em 2015, foram registrados mais de 200 casos nos Estados Unidos. A consequência foi o abate de 48 milhões de aves”.
Devido às dimensões da produção aviária nacional, qualquer incidência teria efeitos perversos. O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de frango do mundo. A atividade gera cerca de 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos e a cadeia produtiva tem um PIB superior a R$ 50 bilhões. Minas Gerais colabora com essa grandeza detendo o quinto maior rebanho de aves de corte e o terceiro maior de aves de postura.
Só em 2016, o setor vendou 4,3 milhões de toneladas de carne de frango a 158 países dos cinco continentes, dominando 37% do mercado global. Algumas das nações clientes são totalmente dependentes da produção brasileira, como Arábia Saudita, China e Japão, e cobram garantias de que estamos fazendo o possível para impedir que a influenza chegue a nossas granjas.