Minas Gerais é um estado vocacionado à produção leiteira desde que os bandeirantes e portugueses iniciaram a atividade para consumo dos garimpeiros em nossas terras. Hoje, se nosso estado fosse um país, ocuparíamos o 12º lugar no ranking dos maiores produtores do insumo no mundo. Praticamente todos os municípios mineiros fazem a captação de leite, que é enviado para 875 indústrias registradas nos órgãos de inspeção. Processamos, anualmente, 9 bilhões de litros de leite, correspondendo a 27% de toda a produção brasileira. Para a estruturação de toda essa cadeia e a conquista da relevância econômica que temos hoje, foi um longo percurso no qual o Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg) participa ativamente, há 70 anos.
Uma das grandes bandeiras do Silemg nessa trajetória foi a obtenção e manutenção de uma carga tributária compatível com a capacidade de contribuição do segmento lácteo, tanto nos tributos estaduais quanto federais. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, especialmente, vivemos um momento de grande dificuldade e baixa capacidade concorrencial em relação a outros estados. Demonstramos, de forma incontestável, a inviabilidade de competir nas gôndolas dos supermercados mineiros e, a partir disso, conseguimos a mudança na legislação que vigora até os dias atuais e sem a qual o setor teria sucumbido.
Outro trabalho exitoso em construção é o de conscientização sobre os benefícios do leite e seus derivados à saúde, dissolvendo os mitos mais variados como “só os humanos consomem leite depois de adultos”, “lactose faz mal para a saúde” e “leite vegetal pode substituir o consumo do leite de vaca”. A consequência da falta de informação é um dos fatores que levam o brasileiro a consumir menos leite do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 180 litros por habitante, por ano. Uma das frentes nesse sentido é a realização do concurso de desenho e redação em escolas públicas e particulares que acontece, anualmente, e incentiva o debate e combate à desinformação nas novas gerações. Teremos mais uma premiação aos melhores trabalhos durante a nossa assembleia anual, hoje, em um dia consagrado a palestras com foco no mercado e tendências do mundo do leite para nossos associados.
A seriedade e o respeito que temos por todos os elos da cadeia leiteira durante essas sete décadas nos garantem participação em grupos de trabalho que visam ao desenvolvimento da atividade no estado. Como exemplo, temos a recém-criada Comissão de Estudos Estratégicos para a Cadeia Produtiva de Lácteos no Estado de Minas Gerais e o Conseleite, que vão oferecer ao mercado um preço-referência do leite, por meio de uma metodologia desenvolvida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
A indústria de laticínios de Minas Gerais compete de forma acirrada na captação do leite e na conquista de espaço no mercado institucional e varejista, mas quando os assuntos requerem união temos um setor muito coeso e que busca de forma conjunta o que traz competitividade e qualidade à cadeia. Temos a satisfação de construir uma história pautada pela relação de parceria e confiança com o produtor, respeito ao meio ambiente e a redução do consumo de água e de emissões atmosféricas. Estamos em constante aprimoramento e em busca das melhores ações para capacitar o setor em seu trabalho ao lado dos produtores rurais com vistas à qualidade, gestão e redução de custos. E seguimos, com unidade e consistência, enfrentando novos desafios e contextos – como os impactos da greve dos caminhoneiros que vivenciamos este ano, com graves prejuízos ao setor –, buscando sempre a sustentabilidade do segmento e mais qualidade para o consumidor.