Foi anunciado nessa quarta (15/5), o primeiro valor referência para o leite na história de Minas Gerais. O cálculo era um pleito antigo do setor, e se tornou possível com a criação, em dezembro, do Conseleite – Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios. O litro do leite padrão entregue em abril (a ser pago em maio) foi calculado em R$ 1,2774 e a projeção para entregas feitas em maio (a serem pagas em junho) é de R$ 1,3061. O valor referência servirá de parâmetro para as negociações de preços entre produtores e indústrias e será atualizado mensalmente.
Além do valor referência para o leite padrão, a plataforma digital do Conseleite gera valores personalizados a cada produtor, a partir de uma escala de ágios e deságios por parâmetros de qualidade e pelo volume de produção diário individual.
Os valores de referência referem-se ao “leite padrão”:
• 3,30% de gordura,
• 3,10% de proteína,
• 400 mil células somáticas por ml,
• 100 mil ufc/ml,
• Produção individual diária de até 160 litros/dia.
Benefícios ao produtor
– A parceria entre produtores e indústria confere maior equilíbrio e transparência na formação de preços do mercado.
– Com um valor referência, o produtor tem melhores condições de negociar as entregas do leite, reduzindo conflitos.
– O valor também permite sinalizar variações de preços para o mês seguinte, possibilitando maior planejamento de seus negócios.
DEPOIMENTOS
Roberto Simões – Presidente do SISTEMA FAEMG
“É um momento histórico. Após 22 meses de estudos, o valor referência trará uma relação mais harmônica à cadeia, com transparência nos dados de custos de produção dos pecuaristas e custos de transformação da indústria. A partir dessa base, os números podem ser personalizados para a realidade produtiva de cada propriedade. Será também estímulo à qualidade e ao aumento de ganhos dos produtores.”
Ronaldo Scucato – Presidente do Sistema Ocemg
“O Conseleite é uma demanda antiga para que os produtores possam ter a referência do valor da matéria-prima que compõe toda a cadeia láctea em Minas Gerais. Estávamos ansiosos e aguardando essa reunião de hoje, que é o pontapé para trabalhar com esses valores. O ganho é ter um preço justo para o leite.”
José Antônio Bernardes – Vice-presidente do SILEMG
“A indústria vê essa iniciativa com bons olhos, pois há critérios e consenso para o estabelecimento de um valor referência. É preciso que os produtores compreendam que não é um preço absoluto a ser pago, mas é uma base que está bem dentro da compatibilidade dos preços praticados hoje no estado.”
Cálculo
Os valores-referência são obtidos com base em informações de comercialização, faturamento, volume de vendas, cálculos do custo de produção do leite e sistemas de criação repassadas pelas indústrias e pelos produtores à Universidade Federal do Paraná. A partir daí, são feitos cálculos matemáticos e divulgadas médias dos queijos, leite UHT, manteiga, doce de leite, requeijão, creme de leite e outros derivados.
Cálculo personalizado
O valor referência servirá de base para o mercado, mas o preço real alcançado por produtor depende ainda de outros aspectos, como volume e qualidade de produção, a distância e a qualidade da estrada de acesso à propriedade rural, o tipo de ordenha, sua fidelidade junto ao laticínio e outros adicionais.
Através do site www.conseleitemg.org.br, o produtor poderá inserir suas informações produtivas (volume médio diário e análise da qualidade do leite) para que o sistema calcule seu valor de referência personalizado, mês a mês.
A plataforma entra em funcionamento a partir desta quinta (16).
Plataforma para troca de informações; recebe dados agregados que serão importantes para a gestão
Análise de oportunidades de melhoria de preços, por meio de aumento do volume e qualidade de leite
Acompanhamento do que ocorre com o mercado lácteo em tempo real
Acesso a estatísticas sobre o mercado lácteo
Acesso a materiais exclusivos
Confidencialidade dos dados
O leite em Minas Gerais
Minas é líder na produção nacional de leite, com cerca de 30% do total.
Em 2018, o estado produziu 9 bilhões de litros, gerando R$ 11,8 bilhões de reais (20% do Valor Bruto da pecuária no estado).
A pecuária leiteira está presente em todos os 853 municípios mineiros, gerando emprego e renda e movimentando a economia em todo o estado.
São mais de 300 mil produtores de leite, e um milhão de empregos diretos, em diferentes perfis e sistemas produtivos.