Linha de crédito para produção agropecuária tem valor recorde
O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2023-2024, política pública do governo federal cujo objetivo é apoiar a produção agropecuária brasileira oferecendo empréstimos com juros mais baixos, foi anunciado com valor recorde de R$ 364 bilhões para médios e grandes produtores. O PAP também apresenta incentivo às boas práticas agropecuárias, trazendo um braço específico para tecnologias que favoreçam a baixa emissão de carbono.
De acordo com o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, as medidas anunciadas contemplaram as propostas enviadas pela CNA e federações, envolvendo volume de recursos, linhas de crédito e redução de algumas taxas de juros, como para o médio produtor que acessar o Moderagro. “O produtor precisa ter segurança. Produzimos a céu aberto e corremos riscos das intempéries climáticas diariamente. Por isso, é importante que os recursos cheguem de forma contínua aos produtores, sem as interrupções que vimos ao longo do último Plano Safra, e que também tenhamos, o mais breve possível, informações sobre o Programa do Seguro Rural”, disse.
O presidente ressaltou, ainda, que o Brasil já tem uma agropecuária sustentável e é modelo para o mundo, com uso de tecnologias e práticas regenerativas do solo e fixadoras de carbono. “Essa é uma oportunidade para que as práticas adotadas pelos produtores rurais sejam de fato reconhecidas pelos instrumentos econômicos de forma objetiva e em sintonia com a realidade do campo. Enquanto isso, continuamos com o desafio de reduzir obstáculos e burocracias visando a liberdade econômica e aproximação das políticas públicas da realidade do agro. Entendemos que quaisquer medidas que contribuam para isso são muito bem-vindas. Por meio de capacitação, assistência técnica e gerencial, e orientação aos produtores, estamos fomentamos essas práticas”, complementou.
Para a assessora técnica Aline Veloso, a grande incógnita ficou sobre o orçamento do governo para a equalização das taxas de juros apresentadas. “Analisando o que foi anunciado, serão R$272 bi para custeio e comercialização, apenas 19% com juros subvencionados. Já para os programas de investimento, serão R$92 bi, majoritariamente com recursos do BNDES, sendo 53% com subvenção. O ponto é, diante do aperto do orçamento do Governo Federal, e do volume de recursos para a equalização que já foi utilizado para custear as taxas da safra 2022/23 até o momento, será necessário um reordenamento para efetivamente fazer chegar as taxas de juros anunciadas ao produtor rural”.
Agricultura familiar
O Governo Federal anunciou, também, o Plano Safra da Agricultura Familiar. Serão destinados R$ 71,6 bilhões por meio do Pronaf para a safra 2023/2024, volume 34% superior ao anunciado na safra passada. Ao todo, serão R$ 77,7 bilhões, somando o crédito rural a ações como compras públicas, assistência técnica e extensão rural. Os agricultores que optarem pela produção sustentável de alimentos saudáveis, com foco em orgânicos, produtos da sociobiodiversidade, bioeconomia ou agroecologia, terão ainda mais incentivos: juros de apenas 3% ao ano no custeio e 4% no investimento.
“O Pronaf é um dos programas que consideramos prioritários, pois representamos e trabalhamos com muitos produtores caracterizados como agricultores familiares, assistidos no Programa de Assistência Técnica e Gerencial e nas capacitações. O incentivo financeiro anunciado é oportuno, especificamente para a agregação de valor aos produtos e a oportunidade de acessarem outras políticas públicas como a comercialização para a alimentação escolar, Conab, outras instituições públicas e para habilitação a novos mercados”, contextualizou Aline.
Entre as medidas, destacam-se a redução da taxa de juros de 5% para 4% ao ano para quem produzir alimentos como arroz, feijão, mandioca, tomate, leite, ovos, entre outros. O objetivo é contribuir com a segurança alimentar do país ao estimular a produção de alimentos essenciais para as famílias brasileiras. As alíquotas do Proagro Mais vão cair 50% para a produção de alimentos.
“A produção agropecuária desenvolvida em Minas Gerais é bastante diversificada e tem se ampliado em volume ao longo dos anos, ainda que estejamos susceptíveis ao mercado, custos de produção, intempéries climáticas, dentre outros gargalos. O produtor investe em tecnologia, capacitação e tem promovido, a partir dos seus esforços e de seus colaboradores, a produção sustentável, garantindo volume para abastecer o nosso mercado interno, destinação para outros estados e países. É produção agropecuária e agregação de valor, garantindo segurança alimentar”, concluiu Antônio de Salvo.
NOTA DE PESAR – Alysson Paolinelli
O Sistema Faemg Senar lamenta profundamente a perda do ministro Alysson Paolinelli. Mineiro de Bambuí, Paolinelli deixa o nome marcado na história de Minas Gerais e do Brasil, como um dos maiores defensores e responsáveis pelo crescimento e autossuficiência da agropecuária brasileira.
Aos familiares e amigos, o Sistema Faemg Senar reforça o mais sincero reconhecimento e respeito à trajetória de Alysson Paolinelli e externa os sinceros sentimentos e desejos de paz e conforto.
À frente de seu tempo, Paolinelli deixa grande legado de pioneirismo e inovação. Engenheiro agrônomo de formação, atuou como professor da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) antes de se tornar secretário de Agricultura de Minas Gerais, em 1971. O bom trabalho no comando da agricultura em Minas o levou ao posto de ministro da Agricultura, em 1974, quando abriu um período de políticas marcantes para o desenvolvimento do setor.
Um dos seus principais legados foi a estruturação da Embrapa, que trouxe modernidade em pesquisa e tecnologia agrícola. Impulsionou o grande salto da agricultura brasileira. Entre 1975 e 2020, a produção nacional de grãos cresceu 6,4 vezes (de 39,4 milhões de toneladas para 251,9 milhões de toneladas). A área plantada apenas dobrou de 32,8 para 65,2 milhões de hectares. Foi a maior revolução agrícola tropical sustentável da história.
Durante sua trajetória em defesa da agropecuária brasileira, Paolinelli presidiu a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Em 2006, teve o seu trabalho reconhecido internacionalmente, quando ganhou o prêmio World Food Prize. A comenda é equivalente ao Prêmio Nobel da alimentação.
Por conta de sua grande contribuição para tornar o Brasil uma potência mundial em produção e exemplo de sustentabilidade, além de seu trabalho na defesa da segurança alimentar, pesquisa e inovação tecnológica, em 2021, Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Alysson Paolinelli ficará sempre em nossa memória como um técnico incansável a favor da evolução do agronegócio brasileiro
Diretoria Sistema Faemg Senar
Leite tem novo preço médio de referência
Resolução divulgada pelo Conseleite mostra queda de 4,8% com relação ao indicador divulgado em maio. O preço médio de referência do leite foi divulgado nesta terça-feira (27/06) pelo Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios- MG (Conseleite-MG). A projeção é que o valor médio de referência para o litro do leite entregue em junho a ser pago em julho seja de R$ 2,62. O indicador é 4,8 % inferior ao consolidado em maio de 2023 (R$ 2,75). A resolução completa está disponível no site: www.conseleitemg.org.br.
Estiveram presentes o vice-presidente de finanças do Sistema Faemg Senar, Renato Laguardia; o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite do Sistema, Jônadan Ma; representantes da indústria, cooperativas, os professores da UFPR, José Roberto Canziani e Vânia Guimarães, além de produtores rurais.
Períodos de apuração:
Mês de Abril/2023: De 01/04/2023 a 30/04/2023
Mês de Maio/2023: De 01/05/2023 a 31/05/2023
Parcial de Junho/2023: De 01/06/2023 a 20/06/2023
Vania Guimarães como coordenadora da Câmara Técnica do Conseleite falou sobre os resultados das reuniões que o colegiado vem realizando ao longo dos anos. “Nós sempre buscamos trazer para o conselho, o melhor do trabalho realizado pela Câmara Técnica, discutindo sempre os parâmetros utilizados para gerar os valores de referência na matéria prima leite que servem como base para livre negociação entre produtores de leite e indústria de laticínios de Minas Gerais.”
Na reunião, a gerente geral da Ocemg e presidente do Conseleite, Isabela Pérez, que conduziu o encontro, destacou o difícil momento para pecuaristas e empresas. Segundo a executiva, o cenário é agravado pela concorrência dos produtos lácteos importados da Argentina e do Uruguai, países que concedem subsídios e, por isso, conseguem oferecer preços mais competitivos. “O setor não tem mais onde ceder e está bastante prejudicado”, afirma Pérez.
Fontes: Faemg – CNN – Ministério da Agricultura – Senar