O faturamento das exportações do agronegócio de Minas Gerais, ao longo dos primeiros cinco meses de 2017, foi fortalecido pelos preços valorizados das commodities no mercado mundial. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e maio, os embarques movimentaram US$ 3,24 bilhões, incremento de 13% sobre os US$ 2,87 bilhões registrados em igual período de 2016. Com o aumento das exportações, o saldo da balança comercial do setor alcançou US$ 3 bilhões, variação positiva de 12,67%. O café segue como o principal produto exportado e movimentou, no período, US$ 1,47 bilhão.
No mesmo intervalo, o volume embarcado pelo agronegócio mineiro retraiu 3,3%, com a comercialização de 3,68 mil toneladas de produtos no mercado internacional. O preço médio da tonelada valorizou 18,22% nos primeiros cinco meses do ano, passando de US$ 745,24, praticado entre janeiro e maio de 2016, para US$ 881,20.
“O cenário, em relação aos preços dos produtos do agronegócio, está favorável. O que é muito importante para o setor e também para o Estado”, explicou o superintendente de Abastecimento e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez.
Segundo o levantamento, as exportações de café responderam por 45,4% dos embarques do agronegócio estadual. Entre janeiro e maio, o faturamento gerado com a comercialização do grão alcançou US$ 1,47 bilhão, aumento de 14,4%. A alta foi provocada pela valorização da tonelada, uma vez que o volume exportado ficou 2,4% inferior, com o embarque de 504,6 mil toneladas.
A tonelada do café foi negociada no mercado externo a US$ 2.921, frente ao valor de US$ 2.491 praticado em igual período de 2016, com variação positiva de 17,26%. “Tivemos uma melhoria importante nos preços do café e, mesmo com a queda no volume exportado, o faturamento manteve o crescimento”, explicou.
A demanda aquecida pela soja estimulou os embarques mineiros. Ao longo dos primeiros cinco meses do ano, as exportações do complexo soja somaram 1,58 milhão de toneladas, volume 2% maior. Em relação ao faturamento, a expansão foi de 12,1%, alcançando US$ 624 milhões.
O faturamento com a exportação de soja em grão cresceu 7,8%, encerrando o período em US$ 562,1 milhões. O volume destinado ao mercado internacional ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,4% e 1,47 milhão de toneladas embarcadas. O preço médio por tonelada ficou em US$ 380,52, valor 7,34% superior.
Alta também na comercialização de farelo de soja. Em volume, o incremento foi de 32,1% com o envio de 102,5 mil toneladas. Já em faturamento, a alta foi ainda mais expressiva, 78,3%, movimentando US$ 61 milhões. A tonelada do produto foi negociada a R$ 595,78.
“O resultado do complexo soja foi muito positivo. À medida que exportamos maior volume de farelo de soja, conseguimos agregar valor à produção. Isto contribui para a geração de mais empregos na indústria, por exemplo”, disse Albanez.
Carnes
Resultado positivo também no grupo das carnes. Os dados da Seapa mostram que nos primeiros cinco meses de 2016, Minas Gerais faturou US$ 386,5 milhões com a negociação de carnes, valor 13,9% maior. No período, o volume retraiu 3,3% e somou 154,8 mil toneladas.
A maior alta foi verificada na carne bovina, com faturamento de US$ 204,7 milhões, elevação de 20,9%. Ao todo, foram destinados ao mercado mundial 51,6 mil toneladas do produto, crescimento de 15,6%.
No setor de frangos houve queda de 10,1% em volume, com a exportação de 85 mil toneladas. Já o faturamento ficou 7,3% maior e encerrou o período em US$ 136,6 milhões.
As exportações de carne suína movimentaram US$ 16,5 milhões, valor estável em relação ao registrado em igual período do ano passado. Já o volume retraiu 18,9%, com embarque de 7,9 mil toneladas.
“O preço médio das carnes valorizou no mercado internacional, o que foi importante para que o faturamento não recuasse. No caso de suínos e frangos, a menor demanda da China contribuiu para a queda no volume exportado por Minas Gerais, assim como foi verificado no resultado nacional”, explicou Albanez.
Embarques do café brasileiro já dão sinais de recuperação
O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) avalia que as exportações do produto brasileiro deverão apresentar recuperação já neste mês, no que seria um primeiro indicador de embarques mais fortes no segundo semestre, disseram dirigentes da associação nesta sexta-feira.
Mas essa recuperação, que tradicionalmente ocorre na segunda metade do ano no maior produtor e exportador global por conta da colheita, não será forte o suficiente para permitir que o País exporte mais do que em 2016. O Cecafé avalia que haverá uma estabilidade em 2017 ante o ano passado, em cerca de 34 milhões de sacas de 60 kg (produto verde e industrializado).
Para ver embarques maiores nos próximos meses, o Cecafé conta com uma colheita no País já em ritmo mais acelerado, após um início lento dos trabalhos em meio a chuvas. “Aí começa a refletir no setor exportador e o Brasil pode ser mais agressivo, o País é importante no mercado mundial de julho a dezembro”, afirmou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
No ano safra 2016/17, de julho a junho, as exportações totais (produto verde e industrializado) deverão cair para 33,2 a 33,4 milhões de sacas, ante 35 milhões no período anterior, com o País sofrendo impacto de perdas seguidas na safra de café robusta (conilon) e também em função de baixos estoques, ponderou Carvalhaes.
Isso não impedirá, no entanto, que as exportações de café verde arábica do Brasil, que dominam os embarques da nação, tenham o melhor desempenho em cinco anos, somando até 29 milhões de sacas em 2016/17, afirmou o dirigente – diferentemente do café robusta, a safra do arábica foi recorde na temporada passada.
Mas para atingir este desempenho histórico os embarques de arábica em junho deverão ser grandes o suficiente para reverter uma queda de 1,7% acumulada de julho de 2016 a maio ante o mesmo período anterior, para cerca de 27 milhões de sacas, de acordo com dados do Cecafé.
A exportação de café verde do Brasil em maio, informou o Cecafé nesta sexta-feira, somou 2,21 milhões de sacas, ante 2,23 milhões de sacas em maio de 2016. Já a de arábica somou 2,19 milhões de sacas no mês, ante 2,16 milhões sacas no ano anterior. Os embarques de robusta atingiram apenas 19,6 mil sacas no mês passado.
As baixas exportações de café robusta, aliás, limitam o desempenho neste ano. Não fosse a baixa safra desse tipo de café, o Brasil poderia bater o recorde de exportações totais de 2015, quando o País exportou cerca de 37 milhões de sacas, considerando o produto verde e industrializado, disse o dirigente do Cecafé. As exportações de robusta estavam, antes da seca, em ritmo de 4 milhões de sacas ao ano.
De janeiro a maio, as exportações de café verde do Brasil acumulam queda de 7,8% ante o mesmo período do ano anterior, para 11,4 milhões de sacas.
O presidente do Cecafé evitou falar sobre o tamanho da safra atual, que está sendo colhida, avaliando que ainda não é possível saber se o total colhido ficará acima ou abaixo das expectativas. Mas disse confiar que a safra do ano que vem, que será a de alta no ciclo bianual do arábica, poderá gerar volumes para o Brasil ser mais agressivo nas exportações da temporada 2018/19.