A previsão de uma safra forte, divulgada por empresas exportadoras, sugerindo uma produção brasileira superior a 58 milhões de sacas de café, não representa a realidade da produção cafeeira do Brasil.
Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que realiza levantamentos no campo, estima uma safra variável entre 50 e 54 milhões de sacas do grão, a empresa trata o assunto como se não fosse um tema sério, como uma piada de muito mau gosto.
No momento em que os preços praticados no mercado não alcançam sequer os custos de produção, surgem, mais uma vez, empresas que não conhecem o setor produtivo e divulgam números nos quais as metodologias são desconhecidas e, historicamente, muito acima das previsões divulgadas pelos órgãos oficiais.
A quem interessa este tipo de informação? Com certeza a empresas que querem comprar café com preços baixos e comercializar com preços mais altos, aumentando o lucro, ainda que isto signifique o suor e o sangue do cafeicultor brasileiro. Não agrega, não ajuda e ainda distancia mais a união da cadeia produtiva.
A cafeicultura vive uma crise de preços e qualquer informação tendenciosa gera especulação e forte impacto no mercado. Isso é inadmissível e repudiamos esse tipo de especulação, baseada em números que não representam a real situação da produção cafeeira.
Breno Mesquita
Presidente das Comissões de Café da CNA e FAEMG e vice-presidente financeiro da FAEMG.