Nos últimos cinquenta anos, o consumo global de café apresentou um grande crescimento. Na década de 1970, a taxa de crescimento estava em 1,3% ao ano. Já na primeira década do século XXI, este número alcançou 2,5% ao ano. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, esse salto no consumo pode ser explicado, em parte, pelo aumento da presença do produto na rotina dos consumidores dos países asiáticos.
Partindo dos dados atuais, o cenário mais possível para a próxima década é de um crescimento anual de 2% ao ano. De acordo com Celso Luís Rodrigues Vegro, pesquisador do IEA, e Eduardo Heron dos Santos, diretor de Tecnologia da Informação (TI) do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, para suprir essa quantidade mundial de café, em 2030, seria necessário um volume entre 205 e 219 milhões de sacas.
Com base nessas projeções, todos os agentes envolvidos no processo da cadeia devem se empenhar para ampliar suas participações, como, por exemplo, os produtores focarem mais no aumento da produção e da produtividade do que na expansão da área cultivada. A indústria deve inovar na tecnologia de processamento, apresentação do produto e comércio. Já o setor público estabelecer ações para garantir a renda do cafeicultor, padronizando e normatizando quesitos de sustentabilidade.
“A tecnologia agronômica aplicada à lavoura, à excelência comercial dos exportadores e o empenho da indústria em oferecer uma linha de produtos diferenciada à uma população majoritariamente apreciadora da bebida configuram poderoso arranjo mercadológico capaz de colocar o Brasil em posição de maior êxito no contexto dinâmico desse negócio”, disse Vegro e Santos.
Apesar dos altos números especulados, nos últimos dez anos, os resultados obtidos pelo Brasil foram inferiores aos demonstrados pelo total global, dados que se intensificam quando comparados aos percentuais obtidos pelos principais países exportadores.
Segundo informações da Organização Internacional do Café (OIC), a taxa de crescimento do consumo de café entre os países exportadores alcançou 2,2% ao ano. Vietnã e Honduras, terceiro e quarto maiores exportadores para os EUA, aumentaram as vendas em 12,9% e 43,4%, respectivamente, enquanto que o Brasil registrou queda de 10,9% para o mesmo destino.
Em 2017, a participação do Brasil no comércio mundial de café foi de apenas 25%. Este cenário pode ser relacionado ao déficit do crescimento da produção, associado a políticas mal desenhadas e desentendimentos entre os componentes da cadeia.
Fonte: site Café Point