Agosto chegou ao fim tendo sido marcado pela continuação de preços em queda no mercado internacional do café. O grande vilão do mês foi o dólar, que manteve trajetória de alta contra o real e trouxe pressão às cotações futuras do arábica na Bolsa de Nova York e do robusta em Londres.
O real desvalorizado leva ao sentimento nas bolsas de que o Brasil ganha ainda mais competitividade nas exportações. Com cada dólar valendo mais reais, os exportadores podem pagar mais na moeda local pelo café dos produtores, com os embarques podendo ganhar um ritmo ainda melhor. isso que especuladores e fundos pensam nas bolsas e o reflexo é a queda dos preços da commodity.
Apesar de chuvas terem sido vistas em regiões produtoras, a colheita evoluiu bem no Brasil em agosto, entrando na reta final, e parece se confirmar uma grande safra para um baixo ciclo produtivo, dentro da bienalidade da lavoura cafeeira. O frio trouxe seus temores, mas que não se refletiram em problemas generalizados no cinturão produtor brasileiro, à exceção do Paraná, que terá perdas (provavelmente grandes) na safra 2014 devido a geadas.
O clima incerto com uma possível guerra na Síria e o crescimento econômico global trazendo ceticismo não ajudam também no ambiente macroeconômico para voos mais altos do café. Na verdade, os grandes compradores seguem na defensiva, mantendo estoques mais curtos, o que é uma estratégia vencedora para eles nos últimos tempos.
O governo brasileiro parece que enfim vai liberar o edital para a realização do leilão de contratos de opção de café, e isso é uma inegável boa notícia para os produtores. Serão 3 milhões de sacas com contratos para vencimento em março, com preço de exercício de R$ 343,00 a saca.
Balanço
O balanço mensal até o fechamento de 29 de agosto aponta que em NY o contrato dezembro do arábica caiu 3%, passando de 121,30 para 117,65 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, o robusta para novembro recuou 5,6%, caindo de US$ 1.869 para US$ 1.764 a tonelada.
No mercado físico, o que foi perdido nas bolsas com as perdas (que paradoxalmente foram em grande parte causadas pela desvalorização do real), foi ganho com a subida do dólar. Assim, no balanço de agosto, o café arábica bebida boa do Sul de Minas Gerais subiu de R$ 285,00 para R$ 290,00 a saca, alta de 1,7%, até o dia 29.
A postura retraída dos produtores, principalmente para os melhores grãos arábica, deu sustentação às cotações. Os cafés mais fracos de qualidade sofreram maior pressão, com uma oferta que apareceu mais no mercado. O conillon tipo 7 em Vitória (ES), por exemplo, caiu no mesmo comparativo 2%, passando de R$ 253,00 para R$ 248,00 a saca.
Fonte: Diário do Comércio