A OIC (Organização Internacional do Café) estima que o consumo mundial do grão continua em expansão e que o ano-safra 2013/14 poderá registrar um déficit entre oferta e demanda. A colheita no ciclo é projetada em 145,7 milhões de sacas, enquanto o consumo foi calculado em 145,8 milhões de sacas no ano civil 2013, conforme relatório mensal da entidade.
A estimativa da OIC para o consumo em 2013 foi a primeira oficialmente divulgada pela entidade e representa um crescimento de 2,7% em relação às 142 milhões de sacas consumidas em 2012. Nos últimos anos, a expansão média chegou a 2,1%, diz a entidade.
Contrariando expectativas, boa parte do crescimento do consumo global de 2013 veio de mercados tradicionais, particularmente dos Estados Unidos.
A demanda nos países exportadores continua a crescer significativamente e deve ter alcançado 44,7 milhões de sacas em 2013, ou 30,6% do total consumido no mundo. Já o consumo nos mercados emergentes, estimado em 26,8 milhões de sacas, ficou ligeiramente abaixo do volume de 2012. Esse recuo poderá ser revisto, uma vez que a maioria dos mercados emergentes considerados não faz parte da OIC e que, portanto, os cálculos para eles são menos confiáveis.
Todavia, a tendência geral continua a ser que os mercados tradicionais registrem declínio em sua participação no consumo global de café, em virtude do crescimento nos países exportadores.
No Brasil, representantes da Abic, associação que representa a indústria no país, estimam que o consumo doméstico poderá crescer entre 3% e 4% este ano, ante uma queda registrada em 2013 de 1,2%, para 20,08 milhões de sacas.
Mesmo com o reajuste do preço do produto no varejo em função da valorização das cotações da matéria-prima, o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, considera que haverá espaço para crescimento do consumo e que o aumento do preço do café torrado e moído não deve influenciar no orçamento das famílias porque o produto estava muito barato, com reajuste bem abaixo da inflação nos últimos anos.
O diretor da Abic avalia que o crescimento do consumo poderá ser motivado pelo fato de que o café ganhou status especial no segmento de bebidas. “O café virou bebida da moda”. Além disso, a melhora da qualidade do café também deverá incentivar o consumo.
Para a Abic, a seca e as altas temperaturas registradas este ano nas regiões produtoras de café não deverão representar risco de desabastecimento para a indústria. Herszkowicz avalia que os estoques atuais e a produção que será colhida serão suficientes para atender ao consumo interno e à exportação. Ele acrescentou que há dúvidas sobre os danos do clima adverso à qualidade dos grãos e que a entidade está preocupada com isso. “Algumas regiões tiveram mais danos, mas não se sabe qual é a extensão disso. Precisamos esperar o início da colheita”, afirmou.
Fonte: Jornal Valor Econômico