O sucesso dos 2 milhões de hectares cultivados, aliados a um clima, solo e altitude extremamente privilegiados, rendeu ao Brasil a posição de líder no ranking mundial de produção de café, tendo disponibilizado 45 milhões de sacas ao final de 2014. “O Brasil é o centro das atenções quando falamos de café. O mundo depende da oferta do café brasileiro”, afirma o assessor técnico da Comissão Nacional do Café da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Fernando Rati.
O Dia Internacional do Café é comemorado no dia 1º de outubro e a CNA parabeniza a todos os cafeicultores que se dedicam para produzir um café de qualidade que vai desde o plantio até o produto final na xícara. “O produtor brasileiro analisa os números da produção de sua fazenda e se preocupa com a qualidade dos grãos cultivados, adequando-os às características exigidas pelo comprador. Esse trabalhador provavelmente vai se destacar na atividade cafeeira nos próximos anos”, explica o assessor técnico.
Além de ser o maior produtor mundial de café com 1/3 da produção, o Brasil também é o maior exportador. Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as exportações brasileiras de café bateram recorde em 2014, atingindo 36,4 milhões de sacas e acumulando US$ 6,6 bilhões em receita. Do total embarcado, 90,5% do volume corresponde ao café verde, restando apenas 9,5% ao café industrializado (torrado e moído e solúvel). “Mesmo com o baixo volume exportado de café industrializado, o País tem conseguido agregar valor ao café verde”, diz Fernando.
As exportações brasileiras do café verde somaram, entre os meses de janeiro e agosto desse ano, US$ 4,1 bilhões em receita e 23,5 bilhões em volume, representando 6,9% do comércio exterior do agronegócio, de acordo com o MAPA. Os principais destinos das exportações foram os países da União Europeia com 589,9 mil toneladas, Estados Unidos 279,2 mil, Japão 82,3 mil e Canadá com 27,2 mil toneladas. O café é o quinto produto mais exportado pelo setor agropecuário brasileiro (CECAFÉ, 2015). Ele está atrás apenas do complexo soja, carnes, produtos florestais e complexo sucroalcooleiro.
Consumo
Segundo os dados da OIC (Organização Internacional do Café), atualmente, o consumo mundial do café está em torno de 150 milhões de sacas. A demanda pelo grão deve crescer 20 milhões, subindo para 170 milhões em 2020. O café produzido no Brasil é a opção mais consolidada para atender à demanda crescente futura. “Se fizermos uma conta considerando um aumento na produtividade média das lavouras de café brasileiras, que hoje se encontra em 23,29 sc/ha (CONAB, 2015), percebe-se que se incrementarmos 9,21 sacas/hectare neste indicador, sem aumento de área plantada, o nosso país conseguirá suprir a demanda mundial para os próximos 5 anos”, explica o assessor da CNA. Estimativas do MAPA indicam que o consumo interno do café deve crescer 2,62% ao ano, na próxima década, devido ao aumento da produtividade. Atualmente, o consumo médio no Brasil é de 4,3 quilos de café torrado e moído por habitante/ano (ABIC, 2015).
O cafeicultor trabalha para produzir um café de qualidade e atender a demanda mundial que cresce com o passar dos anos. “O Brasil é o berço do café, nós entendemos bastante da planta e produzimos com excelência, porém, a partir da pós-colheita, temos ainda muito que conhecer e melhorar. E quando me deparo com um cafeicultor que prova seu próprio café e o compara aos demais, fico extremamente realizado, pois muitos cafeicultores não sabem o “ouro” que tem espalhado em seus terreiros”, finaliza Rati.
De acordo com o assessor Fernando Rati, uma questão que também merece destaque na cafeicultura brasileira é a sucessão para as próximas gerações, devido ao perfil de cafeicultura antiga e familiar. “Os futuros proprietários das lavouras têm em mãos uma grande responsabilidade, pois a atividade é extremamente complexa e cheia de detalhes, desde a escolha do cultivar até o manejo de pós-colheita a ser utilizado”, explica.
Sistema de produção
A cafeicultura do Brasil apresenta três sistemas de produção: mecanizada, semi-mecanizada e manual. Em uma mesma propriedade, dependendo da região que se encontra, é possível encontrar áreas mecanizáveis, semi-mecanizadas e manuais. A CNA levanta, anualmente, os custos de produção de uma série de culturas agrícolas, dentre elas o café. Os primeiros números analisados das principais praças produtivas revelam custos extremamente variáveis, e isso se explica pelas condições geográficas e climáticas de cada região.
Mesmo diante dos desafios enfrentados pelo setor, a cafeicultura brasileira tem fortes motivos para comemorar o Dia Internacional do Café. A produção deste grão é a fonte de renda para milhares de famílias brasileiras e as perspectivas para aumento do consumo mundial e crescente aumento da qualidade e variedade dos cafés brasileiros são fatores que, certamente, irão trazer mais oportunidades e melhoria na vida dos cafeicultores.