As novas legislações ambientais Federal e Estadual, a expansão dos centros urbanos e o desempenho dos preços dos produtos agrícolas são alguns dos fatores que explicam porque comprar terras em Minas ficou 23,05% mais caro no último ano. O registro do IPT (Índice de Preços de Terras) revela ainda que a valorização foi de mais de 850% em 11 anos.
As áreas de lavoura lideraram o ranking de valorização em 2013 e ficaram 19,41% mais caras, na média. Em seguida, as pastagens, que tiveram aumento de preço de 17,74% e as áreas de mata, com 16,86% de acréscimo.
Elaborado pela FAEMG a partir de dados da FNP Consultoria, o relatório anual de acompanhamento do IPT/MG divulgado na manhã desta segunda (23/12) dá pistas de como vai a “saúde” do setor agrícola no estado.
A coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, explica que a valorização dos produtos agrícolas influenciam diretamente no preço da terra, em função da liquidez dos negócios com as propriedades. “A manutenção de bons preços para os grãos este ano, por exemplo, tem reflexos claros no aquecimento do mercado de terras nas regiões de Araxá, Uberlândia e Unaí”.
No Alto Paranaíba (região Araxá), Sul de Minas (região Pouso Alegre) e Triângulo (região Uberlândia) estão as terras de lavouras mais caras do estado (com preço médio de R$ 20.291,75 na primeira, R$ 16.506.60 na segunda região e R$ 16.404,37 na terceira). “Mesmo quando há desvalorização de certos produtos, o preço da terra nessas regiões se mantêm sustentados em patamares altos por conta da diversidade de produtos e perfil geográfico, uma vez que as terras planas possibilitam maior mecanização e investimentos. Além disso, são regiões em que a infraestrutura logística é avançada”, explica.
Na região Central do estado, as terras de pastagem foram as que mais encareceram, encerrando 2013 com incremento de 42,45% no preço médio. A justificativa para este caso, segundo Aline, está na pressão imobiliária causada pelo crescimento das cidades e redução das terras agricultáveis disponíveis. Prova disso foi a valorização em 32,49%.das terras para lavouras na região.
Perspectivas
Segundo Aline Veloso, além da expansão dos centros urbanos, a valorização pela escassez de terras disponíveis também se justifica, cada vez mais, pela crescente demanda por proteína animal (carne e leite).
Ela lembra ainda que a aprovação do Código Ambiental Federal no final de 2012 e a regulamentação, em outubro último, da Legislação Florestal em Minas Gerais aumentarão significativamente a necessidade de recomposição das áreas de preservação nas propriedades: “Com a obrigatoriedade dos produtores se adequarem à legislação, os preços das terras de matas também tendem a se valorizar, como já é verificado. Nesse sentido, já existem linhas de crédito específicas para recuperação de áreas degradadas, que poderiam ser convertidas em matas ou ainda para produção agrícola e pecuária”.