A estiagem no país já está gerando um aumento nos preços praticados pelos produtores rurais em Minas Gerais. O IPR (Índice de Preços Recebidos pelos produtores mineiros) subiu, de julho a agosto deste ano, 7,78% , sendo que estava em queda desde março de 2014. No mês de setembro a tendência também é de crescimento. O índice, desenvolvido pela FAEMG, é composto por 15 produtos, entre eles café, milho, arroz, feijão, banana, batata, frango, leite, ovos, suínos e boi gordo.
“A seca teve influência nesse aumento do índice, mas outros fatores também devem ser considerado, como o preço em outros Estados e a inflação”, explica Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da FAEMG.
Para ela, porém, a influência da seca nos preços dos alimentos pode ficar pulverizada e ser sentida pelo consumidor final agora ou nos próximos meses. O caso da batata é exemplar. “Neste momento temos um aumento do volume de batata, mas isso acontece porque foi necessário antecipar a colheita, tanto em Minas como em São Paulo, em função da seca. Isso acarretou um volume maior do produto. Mas, no médio prazo, a batata pode sumir do mercado e encarecer”, analisa Aline.
É o caso das carnes bovina e suína, que já estão mais caras em função de outros fatores, como a exportação, e devem continuar subindo como consequência da seca. “A falta de pasto por causa da seca vai refletir no preço da carne de boi e na produção do leite”, analisa Aline.
A seca atual pode também influenciar na produção do ano que vem. “Temos que ficar atentos com o que vai acontecer em 2015. A diminuição das reservas de água deve impactar a meta de produção, já que o produto é essencial para o consumo humano e do rebanho, além de necessária para a irrigação”, diz.
A falta de umidade em Minas Gerais já está atrasando o plantio da safra de verão. “Tradicionalmente, essa época seria de preparação da terra porque chove a partir do fim de setembro. Neste ano, entretanto, isso não aconteceu”, explica.
A coordenadora reitera, porém, que o IPR-MG não é o único fator que eleva os preços dos produtos agrícolas. “O índice se reflete no valor pago pelo consumidor, mas não de maneira proporcional. A cadeia produtiva é longa, principalmente em produtos como o café, que podem ter muito valor agregado. Os custos da indústria também precisam ser considerados”, explica Aline Veloso.
Volume
Para o chefe do departamento técnico da Ceasa Minas, Wilson Guide, a seca ainda não impactou os preços. “O volume de produtos não diminuiu, portanto não posso dizer que houve um impacto da seca. O aumento de preços observado, na nossa avaliação, é causado pela procura do consumidor”, avalia Guide.
Subiu pouco
Ceasa. Os preços dos hortifrutis na Ceasa Minas subiram, em setembro, apenas 1,4% se comparados com os de agosto. Os maiores aumentos foram de frutas como melancia, laranja e abacaxi.
Vale observar que a evolução da biomassa na matriz energética depende, essencialmente, da capacidade de inovação técnica das usinas sucroalcooleiras. O setor, que inicialmente só usava a biomassa para o autoconsumo (produção de calor e eletricidade), passou a ser um exportador de energia para a matriz elétrica do país. Estima-se que o negócio de energia com o bagaço pode responder por mais de 10% do faturamento dessas empresas, daí a importância dessa geração. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a bioeletricidade tem um potencial superior a 13 mil MW médios, cerca de quase três vezes a energia firme a ser entregue pela hidrelétrica de Belo Monte, no Norte do país.
Jornal O TEMPO