Iniciada em junho, segue até novembro a entressafra do boi em Minas, mas a engorda de animais em confinamento neste período de pastagens escassas é um meio eficaz de garantir o abastecimento de carne. Segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o sistema deve ser adotado inclusive pelos pequenos produtores, que poderão melhorar a receita da propriedade principalmente com as vendas do segundo semestre.
Bruno de Barros Ribeiro de Oliveira, coordenador do Minas Carne – programa criado pela Seapa –, explica que o confinamento consiste na manutenção dos animais em instalações próprias, recebendo alimentação exclusivamente nos cochos e tratamento especial. “Até o final do ano, o volume de bovinos confinados nas propriedades mineiras deve alcançar 350 mil animais”, ele diz, com base em levantamento realizado pela Emater-MG, vinculada à Secretaria.
O coordenador diz que o produtor pode contar com bons resultados principalmente no segundo semestre. “Um levantamento da Esalq/BMV&FBovespa mostra que a cotação da arroba do boi no acumulado de junho a novembro de 2012 alcançou variação positiva de 5,2%, pois o valor da arroba alcançou R$ 97,50. No período atual, os produtores registraram, já em junho, vendas de boi por R$ 99,01 a arroba, em média.”
Além de garantir o atendimento à demanda dos frigoríficos no período mais crítico das pastagens, o confinamento possibilita a produção de carne de excelente qualidade durante o ano inteiro, assinala Bruno Barros.
Já o coordenador estadual de Bovinocultura de Corte da Emater, José Alberto de Ávila Pires, destaca que “o confinamento possibilita a agregação de valor à carne e a antecipação da venda dos animais. “Além disso, quando o pecuarista adere ao confinamento, os bovinos para engorda são retirados do pasto, o que facilita o manejo dos animais”, acrescenta.
Ao reforçar a indicação da engorda de bois em confinamento para os pequenos pecuaristas, José Alberto cita o exemplo de grandes projetos que começaram com pequenos lotes de animais. “O sistema é uma boa iniciativa inclusive nas áreas não beneficiadas pela proximidade das lavouras de grãos, como o Norte de Minas.
A tecnologia, segundo o coordenador, é chamada de “grão inteiro”, porque predomina o uso integral do milho, além de uma parte de concentrado na engorda dos bovinos. “Nestes casos o produtor não tem gasto com o volumoso (cana-de-açúcar e silagens de milho e de sorgo). “Apesar do custo do transporte de milho de regiões que apresentam grande produção, como o Alto Paranaíba, o investimento compensa”, assinala.
Quinto do ranking
O trabalho dos extensionistas da Emater para mostrar as vantagens da engorda de bois por meio do confinamento contribui para o aumento das adesões ao sistema, diz José Alberto e informa que Minas ocupa atualmente a quinta posição entre os Estados que engordam o boi fechado e respondem por cerca de 3 milhões de cabeças incluídas no sistema. Os primeiros colocados são Mato Grosso, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.”
Minas conta com 63 produtores com até cinco mil animais confinados cada um, que respondem pela engorda de 190 mil cabeças. Há também 658 pecuaristas com até mil cabeças em confinamento e o volume total desse grupo é de 146,4 mil animais. “A produção anual de carne do conjunto dos confinadores do Estado é da ordem de 80 mil toneladas, volume que atende ao abastecimento de cerca de 6,7 milhões de pessoas nos quatro meses da entressafra do boi”, principalmente de agosto a novembro, diz José Alberto.
Substituto da estocagem
De acordo com José Alberto, as unidades de confinamento desenvolvidas em Minas têm mostrado grande eficiência na produção contínua de animais para abate, o que possibilita redução da ociosidade da indústria de carnes – frigoríficos e a rede de distribuição (açougues e casas de carne). “Adotado no Brasil a partir de 1986, o sistema substitui a estocagem de carne congelada, que o governo utilizava com o objetivo de atender à demanda na entressafra do boi. Mas diversos produtores mantêm a engorda por confinamento durante o ano inteiro.”
Paulo Roberto do Nascimento iniciou, há cerca de 30 anos (com 40 bois), um projeto de confinamento em Capinópolis, no Triângulo Mineiro. “Atualmente, a propriedade registra um volume permanente de 12,5 mil cabeças, de janeiro a dezembro”, explica o pecuarista.
No período das águas, entre outubro e novembro, a movimentação com os animais cai um pouco, devido às chuvas, acrescenta Paulo Roberto, “mas isso não prejudica o atendimento à demanda porque, na fase de entressafra bovina, a introdução de gado na área do confinamento é alta. O volume de animais encaminhados para abate em 2013, depois de passar pela propriedade, deve alcançar 30 mil cabeças.”
Vale o investimento na aquisição de bois de qualidade, ração e manejo apropriados, porque toda a produção da unidade de confinamento de Paulo Roberto é dirigida a um frigorífico credenciado a exportar para a União Europeia, com direito a um adicional por arroba vendida. O bônus é concedido aos produtores que possuem rastreabilidade creditada pelo Sisbov (serviço do Ministério da Agricultura, utilizado para a identificação e o controle do rebanho de bovinos e bubalinos do território nacional, bem como o rastreamento do processo produtivo no âmbito das propriedades rurais).
O pecuarista diz que seu projeto de confinamento é favorecido principalmente pela localização em região produtora de grande volume de grãos. “As lavouras garantem uma boa oferta de milho para silagem e se encontram a distâncias que possibilitam o frete a custos acessíveis até a unidade de confinamento. Contamos também, na região, com uma grande oferta de sorgo, farelo de amendoim e de algodão”, acrescenta.
O Triângulo Mineiro responde por 17,6% da safra de milho, ou 1,4 milhão de toneladas, segundo o IBGE. A produção de soja na região equivale a 35,1% do total de Minas, ou 1,2 milhão de toneladas. E a safra de sorgo corresponde a 46% da produção estadual, ou 207 mil toneladas.
Segundo Paulo Roberto, a engorda por confinamento é indicada também para os pecuaristas que não contam com as facilidades oferecidas aos produtores da região. “O sistema sempre dá bons resultados”, finaliza.
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) – Assessoria de Comunicação Social