O clima favorável e os preços lucrativos estão contribuindo para que Minas Gerais colha um volume recorde de grão na safra 2015/16. Segundo o sétimo levantamento da Safra de Grãos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado ontem, o Estado será responsável pela produção de 13,13 milhões de toneladas, elevação de 11,2%. Dentre os produtos, destaque para a soja e o milho segunda safra, que tiveram a produção estimulada pelos preços rentáveis.
A área de cultivo em Minas Gerais é de 3,26 milhões de hectares, variação positiva de 1,1% frente ao período produtivo anterior. A produtividade média esperada para o Estado é de 4 mil toneladas por hectare, expansão de 10%.
“Vamos colher uma safra 2015/16 muito boa. Após dois anos de perdas, o clima foi favorável para a produção agrícola”, explicou o analista de agronegócio da FAEMG, Caio Coimbra.
Um dos destaques é a soja. A expectativa é produzir 4,7 milhões de toneladas da oleaginosa, aumento de 34,1%. O incremento significativo se deve à expansão verificada na área plantada, que absorveu parte do espaço antes dedicado ao milho, e à produtividade. O aumento de área foi de 11,4%, com o plantio ocupando 1,46 milhão de hectares. Após dois anos de perdas provocadas pela estiagem, a produtividade da lavoura vem se recuperando e a estimativa é produzir 3,2 toneladas por hectare, alta de 20,4%.
“A soja já foi praticamente toda colhida e a expectativa é finalizar os trabalhos até o final o mês. As chuvas ficaram dentro do esperado na região, permitindo a recuperação da produtividade média das lavouras, que na safra anterior foi prejudicada pelo veranico”, explicou o coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EmaterMG), unidade Uberlândia, Ademar Franco Guimarães.
Feijão
Outro produto que vem garantindo lucro ao produtor é o feijão. Com os preços elevados, variando entre R$ 175 e R$ 250 por saca e dependendo da qualidade, a produção na primeira safra será 16,8% maior, somando 192 mil toneladas. Para a segunda safra a expectativa é ampliar em 23,7%, colhendo 194,8 mil toneladas.
Com os preços firmes e a recuperação dos mananciais, a terceira safra, que é irrigada, também poderá ser maior. “O bom desempenho da primeira safra de feijão e os preços elevados estimulam os produtores a investir na segunda safra. Com os reservatórios recuperados, os agricultores terão segurança hídrica para plantar a terceira safra, por isso, a previsão é de aumento na produção”, informou Coimbra.
Com base em números preliminares, a Conab estima que a produção em Minas Gerais, na terceira safra, será de 192,4 mil toneladas, variação positiva de 1%. Os números serão ajustados com a aproximação do período produtivo.
Em Minas Gerais, principal produtor regional de algodão, é esperado incremento de 4,3% na área, de 19,6 mil hectares. As lavouras encontram-se predominantemente nas fases de frutificação (84%) e floração (16%). Se confirmada a expectativa de que a produtividade se mantenha em torno de uma média de 3,72 toneladas por hectare, a produção poderá atingir 29,2 mil toneladas de algodão em pluma e 73 mil toneladas de algodão em caroço, representando um crescimento de 7,7% em relação à safra anterior.
Milho tem produtividade 11,5% maior
A produção mineira de milho também ficará maior. A estimativa é encerrar o ano safra com a colheita de 7 milhões de toneladas do cereal, incremento de 2,9%. A área total de produção é de 1,1 milhão de hectares, queda de 7,7%. Já a produtividade ficou 11,5% maior, somando 5,9 toneladas por hectare. O incremento na produção total de milho se deve à expansão da segunda safra.
Enquanto a estimativa para a primeira safra é de um recuo de 6,4% na produção, com colheita de 5,1 milhões de toneladas, para a segunda safra é esperado incremento de 39,3% no volume somando 1,9 milhão de toneladas.
Os preços lucrativos pagos pelo milho e a expectativa de manutenção dos valores em alta estimulou o plantio de segunda safra, que começou a ser semeada. Em Uberlândia, um dos principais municípios produtores do cereal, os produtores estão animados com a cultura e investiram na ampliação do cultivo.
“A colheita do milho primeira safra abrange, até o momento, de 25% a 30% do volume plantado. Com o clima favorável, os produtores estão otimistas e a expectativa é ampliar a área de produção da safrinha entre 7% e 8%”, disse Franco Guimarães.
Para o analista da FAEMG, Caio Coimbra, a desvalorização do real frente ao dólar agregou competitividade ao milho nacional, estimulando as exportações e provocando desabastecimento no mercado interno. Com isso, os preços da saca de 60 quilos dispararam e hoje estão em torno de R$ 40.
“O preço do milho está muito acima da média e mesmo com Minas Gerais produzindo na primeira safra 6 milhões de toneladas, o volume não é suficiente para alimentar o sudeste inteiro. Vamos continuar com déficit na oferta e a importação do milho será necessária em algumas regiões do País. Por isso, a tendência é que os preços se mantenham firmes, estimulando o produtor a plantar mais”, explicou Coimbra.
Com a oferta limitada, o lucro gerado pela comercialização do milho está maior que o da soja. De acordo com Coimbra, levando em conta os preços atuais, a cultura do milho gera um lucro líquido de R$ 3,2 mil por hectare, enquanto na soja o lucro é de R$ 1,4 mil.
“Levando em conta os preços atuais do milho e da soja e a produtividade das lavouras, está mais vantajoso plantar o milho. A expectativa é que o produtor que investiu na segunda safra do cereal tenha bons resultados”, disse Coimbra.