Patrimônio imaterial nacional, o queijo artesanal mineiro finalmente deixará de ser exclusividade para consumidores do estado. Ministério da Agricultura e Governo de Minas assinaram nesta terça (6/8), na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), em BH, instrução normativa que estabelece critérios para viabilizar a venda do produto em outros estados.
Iniciado ainda no século 18, o processo de fabricação artesanal do queijo a partir de leite cru, não pasteurizado, permaneceu praticamente intocado até os dias de hoje. E é exatamente este o segredo de seu sucesso e, ao mesmo tempo, sua sentença de clandestinidade. O desacordo entre as legislações federal e a mineira fazia com que o legítimo queijo mineiro sofresse restrições sanitárias do Ministério da Agricultura, proibindo-o de ser vendido fora de Minas Gerais. Sonho antigo de queijeiros de todo o estado, a assinatura da Instrução Normativa estabelecerá as normas nacionais que precisarão ser seguidas para que o queijo ganhe o país.
O presidente da FAEMG, Roberto Simões, destacou a importância da nova norma para produtores de todo o estado: “Essa Instrução Normativa pode ser interpretada como uma verdadeira alforria para esse produto tão tradicional, tão mineiro. Hoje, o Queijo Minas recebeu um forte impulso para atravessar as fronteiras do estado e, quem sabe, até do país. Agora temos uma norma adequada, que nos permite avançar para uma nova etapa na produção dos Queijos Minas Artesanais.”
A importância cultural e econômica da regulamentação sobre produção e comercialização do queijo foi lembrada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. “Mesmo nas condições anteriores, ou seja, sem a regulamentação adequada, já produzíamos em Minas 26 mil toneladas deste queijo artesanal por ano. Agora, podendo ser comercializado no Brasil inteiro de maneira legal, e ser inclusive exportado, poderemos multiplicar essa produção, assegurando trabalho e renda para uma boa parte dos pequenos e médios produtores agrícolas mineiros”.
Controle de qualidade
Além de expandir os requisitos de certificação de queijarias, a norma flexibiliza a análise de estudos técnico-científicos que comprovem que a redução do período de maturação não compromete a qualidade e a inocuidade do produto. O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, explicou que o período de maturação é importante para eliminar risco de tuberculose e brucelose, mas o controle sanitário ao longo do processo, pode dispensar a maturação. “Trazemos ao consumidor a tranquilidade de estar consumindo um produto de qualidade e uma oportunidade ao resto do Brasil de consumir essa preciosidade que os mineiros consomem: um bom queijo artesanal, de altíssima qualidade”, disse.
A garantia de qualidade também foi destacado pelo governador mineiro Antonio Anastasia: “A fiscalização sanitária, dentro dos critérios estabelecidos por essa normativa, será seguida com grande controle. A qualidade do queijo mineiro já é reconhecida e será mantida, mas é importante que a fiscalização ocorra dentro dos padrões adequados do queijo artesanal, que não é um queijo industrial. Os pequenos produtores vão ter a oportunidade de se enquadrar às novas regras que são muito mais flexíveis e mais exequíveis”, destacou.