O diretor da FAEMG e presidente das comissões Nacional e Estadual de Cafeicultura da entidade e da CNA, Breno Mesquita, questionou os números e a justificativa que, à medida em que a colheita avança, os produtores estariam se deparando com grãos maiores e mais pesados, e produto de melhor qualidade: “Essa afirmação não condiz com o que temos visto e com relatos de produtores de todo o país, principalmente de Minas Gerais. Pelo contrário, a falta de chuvas em alguns meses afetou diretamente o tamanho do fruto. Já dispomos de informações de que a safra será bem menor, com redução maior que a esperada para o ano de ciclo baixo. Os reflexos dessa estiagem devem se estender até a próxima safra, de 2018”.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Lajinha, Júlio Guimarães, também discordou do IBGE: “A previsão não reflete em nada a realidade da nossa região, Matas de Minas. Não vejo possibilidade nenhuma de concretização dos níveis que o Instituto divulgou”. Segundo ele, na maioria das cooperativas a quebra é evidente: “Há produtores da região com a safra estimada em 20% do que foi colhido em 2016. Também não constatamos melhoria na qualidade, como foi divulgado pelo IBGE”.
Arnaldo Bottrel, presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Varginha e da Assul (Associação de Sindicatos Rurais do Sul de Minas) questionou a metodologia utilizada pelo IBGE para o estudo da expectativa de safra. Criticou, em especial, a menção do relatório a grãos de café mais pesados: “A situação é exatamente oposta: os grãos da atual safra estão menores e muito mais leves, porque, além da falta de chuva, tivemos ainda grande incidência de broca este ano”.
Reflexos
O presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Patrocínio, Osmar Júnior, também contestou os números do relatório: “Aqui, no Cerrado Mineiro, polo da cafeicultura, tivemos redução de rendimento. Esperávamos recuo de 20 a 25%, já que 2016 foi uma boa safra. Mas o que ocorreu foi uma segunda quebra de 20% no rendimento sobre a primeira”.
Segundo ele, a qualidade dos grãos também não está boa. Outro agravante tem sido o preço pouco remunerativo ao produtor, em um ano de dificuldades: “Para a próxima safra, é esperada nova quebra, por causa da seca. O cafeicultor precisará do apoio das instituições bancárias e do trabalho das instituições sindicais para colher bem a próxima safra”.