Pequenos produtores mineiros atingidos pela estiagem atípica dos três primeiros meses do ano podem ter uma linha de crédito específica para aliviar as perdas com a seca. O assunto, discutido em reunião entre representantes do setor e o governador do Estado, Alberto Pinto Coelho, está em análise pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
Representantes do banco, que também participaram do encontro de anteontem, se posicionaram a favor da liberação do financiamento emergencial, mas ainda devem definir o volume de crédito e as condições de juros e pagamento.
“Todas as vezes que demandamos ao BDMG a liberação de recursos para atender aos produtores prejudicados pelos efeitos climáticos tivemos uma resposta positiva e ágil. Esperamos que o mesmo aconteça agora”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões.
Na reunião, também foi solicitado ao governo estadual que interfira junto à União na questão do crédito rural. “Muitos produtores que demandaram recursos do crédito rural e tiveram perdas significativas necessitam que as dívidas sejam renegociadas, para que eles tenham fluxo de caixa e continuem produzido. Essa medida é fundamental, por exemplo, para os cafeicultores, que foram os mais prejudicados, e as perdas na produção estadual devem chegar a 30%”, disse Simões.
Para os municípios da região da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a reivindicação é que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) disponibilize, a preços mais acessíveis, milho para a alimentação dos rebanhos.
Uma outra reivindicação importante, segundos Simões, é a a criação de uma comissão para ir a campo averiguar in loco as perdas em quantidade e financeiras e enumerar as soluções.
“Essa iniciativa é fundamental para que a estimativa de safra seja mais realista e balize corretamente o mercado”, avaliou o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez.
Outra questão debatida no encontro de terça-feira foi o maior apoio ao seguro rural, que ainda é pouco utilizado pelos produtores, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos.
Prejuízos – De acordo com Roberto Simões, as perdas do agronegócio mineiro com a seca devem superar a casa dos R$ 5 bilhões. Por isso, a intervenção dos governos é urgente e fundamental para que os produtores consigam se reerguer e voltar a investir.
“A estiagem afetou significativamente culturas importantes no Estado, e isso vem prejudicando a economia de muitos municípios, que têm no agronegócio a principal fonte de renda. Vamos registrar perdas altas na produção de milho, café e leite, por exemplo”, adiantou.
Segundo o superintendente João Ricardo Albanez, o governador pediu empenho dos setores. “O impacto da seca foi muito grande e vários municípios estão em estado de emergência devido às perdas das culturas. As ações para atender o produtor precisam ser rápidas e o governo está empenhado em buscar soluções. O impacto é muito grande e afeta todo o Estado, já que a participação do agronegócio na composição do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais é muito grande”, disse.
Matéria publicada no jornal Diário do Comércio
Fonte: FAEMG