Os preços do leite em Minas Gerais voltaram a apresentar queda em janeiro, referente à produção entregue em dezembro. O recuo complica ainda mais a situação dos pecuaristas, que acumulam prejuízos após os aumentos relevantes nos custos com ração, medicamentos, energia elétrica e combustíveis.
De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço médio líquido praticado no Estado, em janeiro, foi de R$ 0,98 por litro, queda de 0,15% frente ao mês anterior.
Segundo o responsável pelo setor de coleta de leite da Corples (Cooperativa Regional de Produtores de Leite de Serrania Ltda), com sede em Serrania, no Sul de Minas, Manir José Gonçalves Marilia, vários produtores na região estão abandonando a atividade devido aos preços baixos praticados na negociação do leite.
“Os custos de produção estão bem mais altos e os preços pagos pelo leite não acompanharam. Para se ter ideia, o saco de ração que era adquirido em média a R$ 26, hoje está custando no mínimo R$ 45, aumento de 73%. Enquanto isso, os preços pagos pelo leite estão caindo. A situação do produtor é complicada e muitos estão saindo da atividade”, explica.
Ainda segundo Gonçalves, outros insumos fundamentais para atividade também tiveram os custos alavancados como os combustíveis e a energia elétrica, nesta última, a elevação ficou próxima a 100%. A desvalorização do real frente ao dólar também impactou de forma negativa na atividade, já que diversos medicamentos são importados, assim como produtos utilizados no manejo dos pastos.
Queda
“Com os custos em alta e os preços abaixo do necessário, a tendência é que ocorra queda na captação de leite. O produtor está com a capacidade de investimento no rebanho comprometida e, isso, prejudica toda a atividade”, avalia Gonçalves.
Outro fator que impactou foram as chuvas, que apesar de terem contribuído para a melhor recuperação das pastagens, fizeram com que a qualidade do leite caísse, afetando diretamente os preços. “No período chuvoso, o manejo do rebanho é mais complicado e pode afetar a contagem bacteriana. Com a perda da qualidade final do produto, o pecuarista recebe menos”, explica.
Segundo o levantamento do Cepea, no Sul de Minas Gerais, o valor médio do leite ficou entre o líquido de R$ 0,91 e o bruto de R$ 0,99, queda de 0,52% e 0,58%, respectivamente. A média de preço praticado no Estado foi de R$ 0,98, valor líquido, e de R$ 0,98 valor bruto, representando queda de 0,15% e 0,38%. A queda é justificada pelo período de safra da produção leiteira.
Grande BH e Zona da Mata são exceções
De todas as bacias leiteiras de Minas Gerais pesquisadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), apenas na Zona da Mata e na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foram registradas altas nos valores. Na Zona da Mata, a elevação foi de 2,84% no preço bruto, com o litro de leite negociado a R$ 0,97. Na RMBH, a alta foi menor, 0,16%, no preço líquido, e o litro avaliado em R$ 0,98.
No Vale do Rio Doce, o produto foi negociado na média bruta a R$ 1,13, variação negativa de 1,97%. No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a queda foi de 2,51% no preço líquido e de 0,58% no valor bruto, com a produção negociada entre R$ 1,03 e R$ 1,14, respectivamente.
Ao contrário de Minas Gerais, na média Brasil, composta pelos preços ponderados dos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foi verificada valorização nos preços recebidos pelos pecuaristas. A alta foi de 0,77%, com o valor bruto médio de R$ 1,06 por litro de leite.
Para os próximos meses, a maioria dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea acredita que haverá alta nos preços pagos ao produtor. Entre os entrevistados, 51,9%, que representam 66,7% do volume amostrado, acreditam em valorização.
Outros 36,5% esperam estabilidade em fevereiro, estes representam 25,6% do leite amostrado. Já 11,5% dos entrevistados ainda têm expectativa de queda nos valores no mês que vem. A valorização poderá ser sustentada pela queda na captação em função do clima.
Diário do Comércio