O aumento da demanda por leite e derivados deverá ocorrer, com mais intensidade, em março, após o Carnaval, exatamente no período em que a captação tende a ser menor. Com isso, a expectativa do mercado é de recuperação dos preços que, desde o final de 2013, vêm registrando retração. A seca que atingiu as regiões produtoras também afetará o equilíbrio entre a oferta e a demanda.
De acordo com o analista do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Daniel Velasco Bedoya, as regiões produtoras do país, incluindo Minas Gerais, caminham para o período de entressafra, que começa em meados de março, o que favorecerá a formação de preços.
Nesse mês, devido ao clima mais seco, a tendência é que a produção comece a cair, o que reduzirá a oferta no mercado e pressionará os preços para cima. “Em Minas Gerais, algumas regiões produtoras enfrentam um período de forte estiagem em plena safra, o que também acaba por comprometer a oferta de pastagem e o rendimento do rebanho leiteiro”, diz.
Segundo o último levantamento de preços do Cepea, que avaliou o valor pago ao produtor em janeiro referente à produção de dezembro, Minas registrou pelo terceiro mês consecutivo queda nos valores. O aumento no volume de captação em dezembro, devido ao período de safra, e a demanda fraca desde o final de 2013 provocaram a queda dos preços.
Favorável
De acordo com o Cepea, o preço médio praticado em janeiro no Estado foi de R$ 0,996 por litro, redução de 6,28% ante as cotações de dezembro. “Nos últimos meses, devido ao clima favorável e aos diversos investimentos feitos nas propriedades, os estoques do produto estavam elevados e as indústrias comprando apenas o necessário, por isso foi registrada desvalorização do leite. As primeiras pesquisas para avaliar o mercado em fevereiro mostram tendência de estabilidade nos valores e possível alta em março, o que será confirmado apenas no final da próxima semana”, avalia Bedoya.
A tendência de aumento do consumo no período em que se inicia a entressafra do leite também foi detectada pelos analistas da Scot Consultoria. Para o zootecnista e consultor Rafael Ribeiro de Lima Filho, a partir deste mês o consumo de leite e derivados aumenta e a captação de leite começa a declinar em importantes bacias leiteiras. Com isso, a expectativa é de aumento das cotações dos lácteos a partir do próximo mês.
“A atividade leiteira caminha agora para o período de entressafra. Desta forma, a tendência é que a oferta fique equilibrada à demanda, pressionando os preços para cima”, ressalta.
Segundo a Carta do Leite, publicada pela Scot, o aumento na captação e a retração dos preços vêm sendo registrados desde o final de 2013. Desde agosto, quanto foi verificado pico de preço, com cotação média de R$ 1,013, até janeiro deste ano, a queda totalizou 6,1%. Considerando a média brasileira, o produtor recebeu R$ 0,951 por litro no pagamento de janeiro.
No intervalo, os derivados também apresentaram queda nos preços. No atacado, o preço do leite longa vida caiu 24,7% desde agosto de 2013 e no varejo a queda foi de 12,7%.
Fonte: Diário do Comércio