A redução da safra de feijão em Minas Gerais está contribuindo para a sustentação dos preços pagos aos produtores a níveis altamente lucrativos. A saca de 60 quilos do produto, que há dois anos era negociada em torno de R$ 80, hoje é disponibilizada para o mercado a R$ 250. Os preços mais altos devem ser mantidos ao longo de 2013, uma vez que as próximas safras devem render volumes reduzidos do grão.
De acordo com o coordenador técnico estadual de culturas da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), Wilson José Rosa, a queda na produção se deve aos preços baixos praticados em anos anteriores, o que incentivou a migração para culturas com maior rendimento, como a soja e o milho.
“Em 2011, os produtores acumularam prejuízos significativos, por isso reduziram a produção. Já ao longo de 2012 houve uma recuperação dos preços, mas que não foi suficiente para incentivar o retorno para a cultura. Além disso, os preços do milho e da soja se tornaram mais atrativos e parte dos produtores optou pelas culturas frente a do feijão”, disse José Rosa.
De acordo com dados da Emater-MG, no início de maio a saca de 60 quilos foi negociada em torno de R$ 250, valor que sofreu reduções quando comparado com abril, quando o volume era negociado a R$ 280. A queda, de 10,7%, se deve ao início da colheita da segunda safra de feijão em Minas Gerais e no Paraná.
“A queda observada já era esperada e foi causada pelo aumento da oferta, mas a expectativa é de que os preços devem ficar estabilizados nos patamares atuais, uma vez que a produção da segunda safra não será suficiente para recompor os estoques das indústrias”, disse José Rosa.
Para se ter uma ideia da evolução dos preços pagos pelo feijão, segundo dados da Emater-MG, em maio de 2011, os preços na região do Alto Paranaíba, variavam entre R$ 70 a R$ 75, enquanto na demais regiões do Estado a saca de 60 quilos era negociada em torno de R$ 93. Já em maio 2012 os preços variavam entre R$ 200 e R$ 245 por saco de 60 quilos.
Em relação à produção, de acordo com o último levantamento da safra de grãos 2012/13 elaborado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Minas Gerais produziu na primeira safra cerca de 152,7 mil toneladas, queda de 30,2% quando comparado aos resultados da safra anterior. A produtividade também ficou menor, 32,9%, com rendimento médio de 818 quilos por hectare.
De acordo com a Conab, a área da 1ª safra de feijão apresentou alta de 2,8% em relação ao utilizado no ano anterior, com 186,7 mil hectares destinados ao cultivo. As áreas da 2ª safra devem apresentar redução de 10,9%, alcançando 141,1 mil hectares. A produção para o período está estimada em 1,95 mil toneladas, queda de 15%. A produtividade gira em torno de 1,38 toneladas por hectare, queda de 4,6%.
Os efeitos climáticos, como a falta de chuvas na época do plantio e o excesso que coincidiu com a época da colheita, provocaram reduções na produtividade do feijão. Outro fator que irá repercutir na produtividade da lavoura de feijão durante a 2ª safra, e na decisão de plantar ou não a 3ª terceira safra, é a incidência em quase todas as regiões produtoras da leguminosa do país da praga da mosca branca, que provoca grandes perdas na produtividade e qualidade final do grão.
De acordo com José Rosa, devido ao cenário positivo em relação aos preços, a tendência é que os produtores invistam na cultura na primeira safra 2013/14. “Ao que tudo indica os preços do feijão continuaram em alta, o que deve incentivar o aumento da área cultivada e da produção já na primeira safra”, disse.
Fonte: Diário do Comércio