A macaúba, uma espécie de palmeira nativa do Brasil, ganhará um novo incremento para a sua utilização como alternativa na produção de biocombustíveis. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Bioenergia assinou na terça-feira um acordo de cooperação com o Centro Mundial de Agroflorestas (Icraf), para realizar projetos dentro do Programa para o Desenvolvimento de Cultivos Alternativos para Biocombustíveis.
O Brasil, representado pela Embrapa Bioenergia, faz parte do comitê diretivo do programa, que, nesta primeira fase, recebeu US$ 3,5 milhões da ONU (Organização das Nações Unidas), por meio do Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola). Especificamente para o projeto com a macaúba, o Icraf também investiu US$ 400 mil.
A fase inicial do programa, de quatro anos, será focada em países da América Latina, da África e do Sul da Ásia. Em 2013, as atividades começaram em comunidades na Índia. Este mês, iniciam-se no Piauí, no Brasil. Para África, o Icraf ainda estuda as melhores formas de intervenção e os subprojetos que serão desenvolvidos.
No Brasil, o programa é focado no Nordeste, onde a Embrapa já vinha avançando na prospecção de espécies nativas com potencial para uso na produção de biocombustíveis, explicou o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira de Souza Junior.
“Vamos buscar diversificar as fontes de bioenergia, de culturas energéticas para a região do Semiárido, com foco em algumas palmeiras, começando pela macaúba. E isso vai ser feito dentro do conceito de agroflorestas, combinando diversas espécies vegetais para produzir alimentos e combustíveis”, disse Teixeira.
Etapas
A primeira etapa do projeto com a macaúba será a construção de um banco de dados, de uma caracterização ampla do fruto e do óleo, assim como dos resíduos que a planta gera no seu cultivo e processamento.
O segundo passo será mostrar in loco, em dias de campo com agricultores familiares, que a macaúba pode ser cultivada na região e gerar renda. E depois, viabilizar a interação da Embrapa com os pequenos produtores.
“É uma cultura nacional, adaptada a diversas regiões do Brasil e que, potencialmente, é bastante interessante em termos de produtividade, comparado ao dendê, que tem materiais de 6 a 7 litros de óleo por hectare. No caso da macaúba, temos 3 ou 4 litros por hectare. Já a soja, que é a principal fonte de óleo vegetal para produção de biodiesel no Brasil, produz de 400 a 500 litros por hectare”, explicou Teixeira.
Fonte: Diário do Comércio