Os preços mais elevados pagos pelo café em 2014, frente a 2013, estimularam a comercialização antecipada do grão. De acordo com levantamento da consultoria da Safras & Mercado, somente nos primeiros seis meses da safra 2014/15 de café – julho a dezembro de 2014 – 74% da safra mineira, projetada em 23,1 milhões de sacas de 60 quilos, já estavam comprometidos. No país, o índice de negociações chega a 72%. A tendência para janeiro é de mercado volátil devido às incertezas climáticas. No momento, produtores estão mais retraídos à espera de preços ainda mais elevados.
De acordo com o consultor associado da consultoria Safras & Mercado, Gil Barabach, o ritmo mais acelerado observado nas negociações antecipadas da safra 2015 do grão já era esperado pelo setor.
“O ano passado foi marcado por uma estiagem atípica que comprometeu o desenvolvimento da safra e fez com que os preços pagos pelo café fossem impulsionados. Após um 2013 de preços baixos, os cafeicultores aproveitaram os picos de preços no segundo semestre de 2014 para efetuar as vendas e garantir a rentabilidade. Além disso, o dólar mais valorizado também contribuiu para o avanço das negociações”, explicou.
Ainda segundo Barabach, o início de 2015 tem sido marcado pela grande volatilidade no mercado cafeeiro. Com isso, produtores estão reduzindo o ritmo de venda a espera de preços mais atraentes.
“Estamos passando por mais um período de estiagem, cujos efeitos nos cafezais ainda não podem ser mensurados, e o mercado do café é muito balizado pelo fator climático. Todas as mudanças, como as chuvas irregulares e insuficientes registradas por agora, trazem incertezas sobre a produção e, isso, pesa sobre os preços, fazendo com que o mercado se torne muito volátil. Muitos produtores, diante das incertezas, estão observando o mercado, e quando os preços sobem, efetuam as negociações”.
Em Minas Gerais, ao longo do primeiro semestre do ano safra, segundo dados divulgados pela consultoria, de uma safra 2015 estimada em 23,1 milhões de sacas de 60 quilos, as negociações antecipadas somavam 74% ou 17,1 milhões de sacas. No mesmo período da safra passada, o índice de comprometimento era de 62% e a média dos últimos 5 anos de 69%. Entre novembro e dezembro, o avanço nas negociações foi de 6 pontos percentuais.
No país, já foram negociadas 35,1 milhões de sacas de 60 quilos ou 72%, de uma produção estimada em 48,9 milhões de sacas. Em igual período da safra anterior, os negócios representavam 63% e na média das últimas cinco safras 69%.
Regiões
Nas regiões produtoras do Estado, as negociações na Zona da Mata e Norte do Estado são as mais adiantadas. Nos primeiros seis meses da safra 2015, foram negociadas 4,7 milhões de sacas de 60 quilos ou 76%, de uma produção calculada em 6,2 milhões de sacas. A comercialização do produto no mesmo período do ano safra anterior era de 65% e, na média dos últimos cinco anos, de 73%.
No Sul e Oeste do Estado, até o encerramento de dezembro, os produtores já haviam negociado 75% do volume de café a ser colhido, alcançando 8,5 milhões de sacas de 60 quilos de uma produção esperada de 11,4 milhões de toneladas. Em dezembro de 2013, o volume negociado representava 61% e, na média dos últimos cinco anos, 67%
No Cerrado, o comprometimento da safra já abrange 3,9 milhões de saca de 60 quilos ou 71% da produção esperada para a safra atual, que será de 5,5 milhões de sacas de 60 quilos. O volume está superior ao registrado na média dos últimos cinco ano, quando os negócios representavam 69% da safra a ser colhida e acima de 2013, quando a comercializaram era de 60% do volume produzido.