Os agricultores de Minas Gerais devem colher, na safra 2013/2014, cerca de 120 mil toneladas de trigo, volume 48,5% maior que o registrado na safra anterior, de acordo com o primeiro levantamento de intenção de plantio realizado pela Conab. Os dados, analisados pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), mostram que o cultivo do cereal no Estado ocupa atualmente 40 mil hectares, área 68% superior à registrada na safra passada.
Para Lindomar Antônio Lopes, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Comtrigo), criado pela Seapa, a expansão do cultivo de trigo em Minas se deve à adesão dos agricultores à cultura do cereal em número crescente de municípios.
“O Sul de Minas responde por mais de 80% da produção, com destaque para o município de Três Corações, onde as lavouras de trigo ocupam uma área superior a 6 mil hectares. E o cultivo cresce também nas regiões do Campo das Vertentes e Alto Paranaíba”, explica.
A área potencial para a produção do cereal, no Estado, supera um milhão de hectares, avalia Lopes. “Os agricultores estão se convencendo de que o trigo é um importante complemento à produção principalmente de soja e milho. Uma das vantagens é a possibilidade de aproveitar o período da safrinha, entre março e setembro, com o plantio do trigo, e neste caso o material que ficará no solo após a colheita do cereal poderá ser utilizado para o cultivo do milho, soja e outras culturas pelo plantio direto. Este recurso possibilita uma alta produtividade com menor custo.”
Para o coordenador, a decisão dos produtores mineiros em investir mais na produção de trigo mostra que eles percebem o cenário favorável à realização de bons negócios com o cereal. “As lavouras Sul do país, responsáveis por uma safra estimada de 2,6 milhões de toneladas de trigo, vêm sendo afetadas pela instabilidade climática própria da região, que dificulta a atividade, gerando alta de preços. A cotação do trigo com base no preço mínimo é de até R$ 560,00 asaca de 60 quilos e o mercado está pagando atualmente até R$ 900,00 por tonelada.”
Além disso, a Argentina reduziu a produção de trigo e o Brasil terá de importar maior volume do cereal dos Estados Unidos, Canadá, Comunidade Econômica Europeia e Rússia.
Segundo Lopes, o Brasil importa atualmente cerca de 60% do trigo para o consumo interno. Por isso, ele diz, “os governos federal e estadual vêm se preocupando com alternativas para garantir a autossuficiência do cereal. O próprio Comtrigo atende a essa preocupação no Estado, atuando com o suporte das instituições vinculadas à Seapa (Emater-MG, Epamig e IMA) e a parceria das entidades privadas que representam o setor.
Novo polo
“Minas Gerais lidera a proposta de criação do Polo de Produção de Trigo Tropical do Brasil, com os Estados de Goiás, Distrito Federal, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins”, informa o coordenador. “O polo terá condições de ajudar na produção de um volume anual próximo das necessidades internas”, explica. Para o desenvolvimento de variedades conforme as condições de clima e solo de cada região está sendo instalado em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o primeiro Núcleo de Pesquisa de Trigo Tropical (NAPTT), fora do Rio Grande do Sul. O projeto é realizado pela Embrapa em parceria com a Epamig e entidades do setor.
Em Minas e no Brasil Central, conforme avaliação de Lopes, o cultivo de trigo é beneficiado pelas condições de clima, solo, distribuição da chuva, pouca infestação de pragas e qualidade dos grãos. “Tudo favorece a produção de grãos com qualidade equiparada à dos melhores produtos importados”, diz.
Ele ainda observa que as perspectivas de aumento da safra de trigo no Estado devem aquecer a produção de sementes, suporte indispensável à atividade.
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) – Assessoria de Comunicação Social