Representantes da FAEMG, estiveram reunidos em BH, com equipes do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) e do Mapa (Ministério da Agricultura) para tratar do surto de tripanossomose bovina no estado. A doença tem preocupado entidades e pecuaristas, já que números não-oficiais apontariam para mais de 500 animais mortos nas últimas semanas.
Segundo o analista de agronegócios da FAEMG, Wallisson Fonseca, o principal aspecto tratado no encontro foi a necessidade de que seja feito o mapeamento da real situação em Minas: “É importante melhorar a comunicação dos casos em MG junto ao órgão de defesa sanitária, para que possamos fazer a quantificação e localização geográfica de incidência. Ao mesmo tempo, é preciso agirmos com celeridade em seu combate. Para ambas ações, o primeiro passo precisa ser a notificação documental dos casos”.
Ele explica que os produtores devem providenciar o envio ao MAPA de laudo técnico, assinado por médico veterinário, atestando a ocorrência da tripanossomose em animal de seu rebanho, e solicitando a importação do medicamento para o combate. “O Ministério tem agido com bastante agilidade, concedendo em até 48 horas a liberação para a compra de pequenas quantidades. Para pessoas físicas, isso tem sido providenciado praticamente sem impedimentos”.
Durante a reunião, a representante do MAPA, Juliana Laender, afirmou que o levantamento de dados oficiais poderia, inclusive, favorecer a elaboração de novas alternativas para o combate. O especialista da FAEMG, Wallisson Fonseca explica: “Caso se comprove uma incidência realmente alta, o Ministério pode entender como importante termos o medicamento a tempo e a hora nas gôndolas brasileiras, e iniciar diálogo junto aos laboratórios e instituições de pesquisa para que ele seja produzido no país, desde que haja viabilidade comercial”.
A notificação, segundo Wallisson, também deve ser rapidamente feita junto ao órgão de defesa sanitária de seu estado, que em Minas é o IMA. O objetivo, segundo ele, é dar agilidade no processo de importação depois de autorização pelo MAPA, reduzindo a morosidade dos tramites alfandegários. Entretanto, ele afirma que muitos produtores não realizam a comunicação, por temerem que suas propriedades sejam interditadas, e o rebanho, sacrificado: “O IMA tem deixado bastante claro que a tripanossomose não motivaria a interdição e nem o sacrifício de animais afetados, já que é uma doença totalmente tratável. Com a notificação, é possível agir de forma rápida e minimizar os prejuízos ao produtor”.
Grupo de trabalho
FAEMG, IMA, UFMG e CRMV estão formando uma força tarefa para atuar no diagnóstico da tripanossomose no estado. Na última semana, a FAEMG havia emitido comunicado urgente solicitando a atenção dos produtores mineiros para o registro oficial dos casos, e está mobilizando uma rede de informação mapeada e confiável com seus 384 Sindicatos Rurais.
Além disso, a Federação está orientando os produtores para boas práticas, a fim de reduzir a propagação da doença. A tripanossomose é transmitida pela chamada “mosca do estábulo” e, principalmente pela reutilização de agulhas não esterilizadas: “É preciso que o produtor esteja alerta para o manejo correto, com aumento da higiene no curral (especialmente considerando-se o início do período chuvoso, em que aumenta a proliferação de moscas) e descarte das agulhas, animal por animal”. Na pior hipótese, se houver necessidade de reutilização, as agulhas precisarão ser muito bem esterilizadas após cada animal, evitando o contágio.
“Recomendamos ainda que o produtor faça exames laboratoriais periódicos de todo o seu rebanho, facilitando a identificação da doença antes mesmo da manifestação dos sintomas”, explica Wallisson Fonseca.