Os negócios efetuados nos eventos chancelados pela ABCCMM (Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador) deverão crescer cerca de 20% em 2016, frente a 2015, ano em que o faturamento gerado pela raça alcançou R$ 322,1 milhões. As expectativas positivas se devem às medidas adotadas pela nova diretoria da associação, que pretende fomentar a raça em todo o País, priorizando localidades onde existe um potencial grande, mas ainda não explorado.
Minas Gerais, berço da raça, concentra o maior número de cavalos registrados, 210 mil, sendo o rebanho nacional de 480 mil. O número de associados à ABCCMM soma 11,5 mil, com 5,97 mil localizados em Minas Gerais. Também se destacam na criação do Mangalarga os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo.
De acordo com o presidente da ABCCMM, Daniel Borja, além de estimular a criação em estados onde a raça não é tão expressiva, serão desenvolvidas ações para que proprietários de Mangalarga que ainda não são associados se tornem sócios e tenham acesso a informações e cursos para que também sejam criadores. Com as ações em prática, a estimativa inicial é de um crescimento de 50% do plantel em três anos.
“Nos três anos da nossa gestão, vamos fomentar o Mangalarga Marchador dentro do País. Queremos crescer em nível Brasil. A raça já é a maior da América Latina, mas ainda tem espaço para crescer. Por isso, vamos atuar em regiões com grande potencial para o agronegócio, queremos ir onde a produção de bovinos está bem estruturada e o uso do cavalo Mangalarga pode ser ampliado”.
Entre os estados com potencial de crescimento estão o Mato Grosso, Maranhão, Goiás e Santa Catarina. Nestes estados, que fazem parte Projeto de Expansão do Mangalarga Marchador no Mercado Interno, será desenvolvida uma agenda de fomentos.
Borja acredita que as qualidades do Mangalarga, que é um animal de sela e possui marcha que proporciona uma montaria confortável, são ideais para o uso em fazendas.
“Nestas regiões o uso da raça está em crescimento pela experiência positiva dos fazendeiros. Nosso objetivo é promover o crescimento pelas ações da associação.
Também pretendemos resgatar antigos criadores que, por algum motivo, desistiram de dar continuidade aos trabalhos com a raça”.
Em relação aos eventos, a expectativa também é positiva. Serão mais de 270 chancelados pela associação em 2016, com exposições e leilões. A Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, que será entre os dias 13 e 23 de julho, terá um formato especial priorizando o bem-estar dos visitantes e espaços para toda a família. No ano passado, o evento gerou R$ 11 milhões em negócios.
“Queremos que as famílias voltem a frequentar nosso evento, que reúne mais de 150 mil pessoas por edição”, explicou.
Dentre os planos da nova direção está prevista a criação do Club de Compras e Vendas do Mangalarga Machador. A ideia é unir fornecedores da raça e criadores, com o intuito de negociar preços de insumos e reduzir os custos de produção.
Escassez de mão de obra é desafio para o setor
Dentre os desafios enfrentados pela raça, Borja destaca a escassez de mão de obra qualificada para atuar no setor. Pensando em solucionar o problema, a ABCCMM firmou parceria com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que, através do Projeto de Formação por Competência, qualifica pessoas para a atividade.
O curso de qualificação profissional é feito em Barbacena, Cruzília e Itabira. Atende jovens maiores de 18 anos, capacitando-os nas funções de tratador de equídeos, treinador, domador, preparador para eventos de animais puxados e montados, casqueador e ferrageador, além de gerente de haras.
“Queremos fomentar o jovem que tem o perfil de trabalhar com a raça para se capacitar e atuar no setor. Além do Senar, também estamos trabalhando junto às escolas agropecuárias. A demanda é muito grande por estes profissionais”.
Outro entrave é o diagnóstico de mormo no Brasil. A doença infectocontagiosa, que é fatal para os equídeos, faz com que o País enfrente barreiras sanitárias que impede a exportação de animais e de materiais genéticos.
“A barreira sanitária do mormo impede a exportação do cavalo e do material genético. O trabalho que tem sido feito, e está bem avançado, é para liberar as exportações de embriões e sêmen. Se conquistarmos esta autorização, será uma boa oportunidade, já que o mercado externo para a raça é promissor”, disse Borja.
A tecnologia de produção de embriões de equídeos no País é avançada e considerada uma das principais formas de ganho genético e de agregação de valor. A sexagem nos embriões também é feita, o que também garante maior rentabilidade aos produtores.
“Investir em embrião é lucrativo. Podemos pegar uma campeã nacional da raça, que vale milhões, e ao invés de produzir uma cria ao ano, o criador pode fazer 10 produtos. Além de ter mais prenhes, aumenta também o valor comercial já que o animal terá valor de competição bem maior. Também é possível fazer a sexagem. Com 60 dias é identificado o sexo do embrião, o que agrega ainda mais valor” explicou presidente da ABCCMM, Daniel Borja.
Diário do Comércio