Com a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), que depende da aprovação de um projeto de lei já enviado ao Congresso, o governo pretende aproximar ainda mais os centros de pesquisas dos produtores rurais, dos quais apenas 25% têm acesso aos conhecimentos tecnológicos. A Anater deverá articular em nível nacional o trabalho desenvolvido pelas instituições estaduais de extensão rural de levar aos agricultores e pecuaristas as tecnologias disponíveis de produção e criação, armazenamento, processamento e de gestão dos negócios rurais. Com isso, o que se espera é a modernização mais rápida da agropecuária brasileira, com o aumento da produtividade e maiores ganhos para os produtores.
O papel que caberá à nova agência já foi desempenhado, no passado, pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). Em 1989, o governo Sarney decretou o encerramento das atividades da empresa, mas uma rápida reação do Congresso impediu que o decreto tivesse efeito prático: O governo seguinte, de Collor, porém, conseguiu fechar a Embrater em 1992. Desde então, a atuação das empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural – em São Paulo, a atividade é desempenhada pela Coordenadoria de Assistência Tecnica Integral, vinculada à Secretaria da Agricultura – vem sendo coordenada por uma entidade nacional por elas criadas.
Mesmo já tendo alcançado níveis elevados de produtividade, que lhes têm assegurado crescimento contínuo da produção de grãos com aumento bem menor da área cultivada, o Brasil ainda tem muito espaço para desenvolver sua agropecuária e oferecer mais alimentos para o mercado interno e para outros países. Dos estabelecimentos rurais registrados no Pais, 11% dos considerados familiares e 9% dos médios e grandes não têm nenhuma produção, de acordo com dados do governo. Mais de 1,3 milhão de estabelecimentos não obtém receita com a atividade agropecuária.
O mais recente censo agropecuário, de 2006, mostrou o impacto da assistência técnica e da extensão rural na renda auferida pelos produtores. “Enquanto os grandes e médios produtores que não recebem assistência técnica e extensão rural obtêm um valor básico de produção de R$ 232 por hectare, os que contam com esse serviço obtêm R$ 996 na mesma área”, conforme a mensagem enviada pelo governo ao Congresso para justificar a criação da Anater.
Como mostram esses números, a assistência técnica e a extensão rural podem mais do que quadruplicar a renda, nas médias e grandes propriedades. Nas propriedades familiares, o impacto é semelhante: o valor da produção passa de R$ 639 para R$ 2.309 por hectare.
Na esfera federal, o sistema coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conta com uma rede de 47 centros de pesquisas e 16 instituições estaduais. Além da estrutura da Embrapa, o País dispõe de uma rede privada e também de universidades.
O Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 anunciado no início do mês pelo governo inclui. o investimento de R$ 120 milhões para a ampliação e modernização dos seis laboratórios nacionais agropecuários, para dar-lhes condições de produzir diagnósticos mais rápidos e precisos sobre a qualidade dos produtos agropecuários nacionais.
Para levar a mais produtores os conhecimentos gerados nas instituições de pesquisa, além da criação da Anater, o governo pretende montar uma rede de educação profissional e de inovação tecnológica. Essa rede envolverá a estrutura da Embrapa, as universidades federais, as escolas técnicas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, gerido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Ao mesmo tempo que levará conhecimentos para os produtores, a nova estrutura federal para a assistência técnica e extensão rural trará para os centros de pesquisa as demandas e as necessidades reais do setor produtivo. Os dois lados têm a ganhar com isso.
Fonte: O Estado de São Paulo