Após meses de intensa campanha, produtores de todo o país comemoram o lançamento de um conjunto de medidas para a recuperação da cafeicultura brasileira. Além de um programa de contratos de opção de venda para 3 milhões de sacas de café, a presidente Dilma Rousseff também anunciou hoje, em Varginha, recursos para financiamento de estocagem e custeio da safra.
Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) e presidente da Comissão de Café da FAEMG, Breno Mesquita, o pacote de medidas emergenciais anunciado hoje deve dar novo fôlego ao setor, que amarga baixos preços no mercado.
“Ainda que tenha demorado muito a acontecer, estamos satisfeitos com o conjunto do que foi anunciado. Alguns pontos poderiam ter saído melhores para o setor, como o preço para os contratos de opção, que acabou fixado em R$ 343. Infelizmente, não alcançamos a marca de R$ 360, como havíamos solicitado, mas de uma forma geral, o pacote é um grande avanço e atendeu ao que vínhamos pleiteando como ações emergenciais há alguns meses. Acreditamos que são esses os melhores mecanismos para fomentar o mercado e tirar o setor da situação lamentável em que se encontra. A expectativa agora é que o mercado reaja, trazendo alguma melhoria à cafeicultura brasileira”, disse Breno Mesquita.
As medidas anunciadas visam garantir ao país maior ordenação no fluxo de escoamento da safra no mercado, permitindo ao produtor maior controle sobre o melhor momento para vender sua produção. Com os contratos de opção de venda, ele pode garantir a venda antecipada da safra ao governo. O contrato com data de vencimento futura (fixado para março de 2014) permite também que o produtor opte por vender sua produção diretamente ao mercado, caso encontre preço melhor.
Outra medida anunciada no pacote para os cafeicultores foi a liberação de crédito para financiar a estocagem de café até que os preços de venda ao mercado melhorem. Dilma também anunciou a liberação de recursos para a política de preço mínimo para compra do grão, o que beneficia diretamente os pequenos produtores.
Próximo passo
Com mais de 40% da safra já colhida e preço da saca sendo cotado abaixo do custo de produção, os produtores mineiros têm grande expectativa de que as políticas anunciadas hoje gerem renda para o setor o quanto antes. Responsável por mais da metade da produção brasileira e cerca de 20% de todo o café produzido no mundo, o estado liderou intensa mobilização desde o início do ano, com manifestações populares e grande pressão política por entidades do setor.
Anunciadas as medidas consideradas emergenciais, o setor já começa a se preparar para o passo seguinte. Segundo Breno Mesquita, o alívio de questões consideradas críticas deve abrir espaço para que os produtores possam se reunir e repensar a atividade de forma geral. “Existem ainda muitos gargalos que precisam ser resolvidos. Precisamos pensar em como resolver demandas como a questão da qualidade dos cafés, das normas para rotulagem, as políticas para a cafeicultura de montanha e tantos outros assuntos de extrema importância à cafeicultura brasileira”.