A demanda aquecida no mercado internacional e a expectativa de uma safra menor, devido à estiagem atípica registrada entre janeiro e março, têm estimulado os embarques mineiros de café. De acordo com os primeiros dados do Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), em relação às exportações somente nos primeiros seis meses do ano foi registrado incremento de 12% no faturamento e de 20,19% no volume embarcado.
Ao todo, foi movimentado US$ 1,78 bilhão com a comercialização de café no mercado internacional, valor que ficou 12% acima do US$ 1,58 bilhão registrado entre janeiro e junho de 2013. Este é o segundo resultado positivo registrado nos embarques de café, que até abril acumulavam retração.
Em relação ao volume, os embarques totalizaram 619,7 mil toneladas entre janeiro e junho, alta de 20,19% quando comparada com o volume de 515,3 mil toneladas enviadas em igual período do ano passado.
Somente em junho, foram movimentados US$ 342 milhões com os embarques do grão, alta de 57,6% frente aos US$ 217 milhões registrados em igual mês do ano passado. Em relação ao volume, foram destinadas ao mercado internacional 99,5 mil toneladas, ante as 79,1 mil toneladas enviadas anteriormente, variação positiva de 25,7%.
Em relação ao preço, a tonelada de café apresentou incremento de 25,78%, avaliada em US$ 3,45 mil neste ano, frente ao valor de US$ 2,74 mil praticado no primeiro semestre de 2013.
Carne suína – Outro produto de peso na pauta exportadora do Estado, a carne suína também apresentou resultado positivo. De acordo com os dados do Mdic, no primeiro semestre do ano foram exportadas 21,7 mil toneladas, volume 16,6% superior às 18,3 mil toneladas exportadas em igual período do ano passado.
Em relação ao faturamento gerado com os embarques de carne suína, a expansão chegou a 52,63%, totalizando US$ 87 milhões. Em igual período do ano passado, o montante era de US$ 57 milhões.
Alta também nos embarques de soja em grãos e de óleo. No primeiro semestre, Minas Gerais exportou 1,02 milhão de toneladas de soja em grãos, volume que ficou 9,35% superior ao exportado anteriormente. O faturamento alcançou US$ 520 milhões, elevação de 3,17% quando comparado com os US$ 504 milhões movimentados entre janeiro e junho de 2013.
No caso do óleo de soja, os embarques ficaram 87,5% maiores, com a venda de 15,5 mil toneladas. Com o incremento no volume, o faturamento também foi alavancado, encerrando o período em US$ 14 milhões, alta de 75% sobre os US$ 8,4 milhões movimentados no mesmo período do ano passado.
No caso dos embarques de carne bovina, o faturamento ficou em US$ 179,6 milhões, alta de 2,28% frente aos US$ 175,9 milhões gerados no mesmo intervalo de 2013. No caso do volume, houve queda de 5,12%, totalizando 37,7 mil toneladas exportadas.
Já as exportações de carne de frango encerraram o primeiro semestre com resultado negativo. O faturamento, US$ 113,8 milhões, recuou 23,64%, já que nos primeiros seis meses de 2013 as negociações do produto com o mercado externo somaram US$ 148,1 milhões. Em relação ao volume, a queda foi de 6,84%, com o embarque de 68,8 mil toneladas, frente às 73,1 mil toneladas negociadas em igual período do ano anterior. A tonelada do produto desvalorizou-se 18,99%, com o preço caindo de US$ 2,02 mil, no primeiro semestre de 2013, para US$ 1,64 mil.
Estoques baixos devem afetar exportações
As exportações brasileiras de café alcançaram o segundo melhor resultado da história no ano-safra 2013/2014, encerrado no mês passado, e foram 9,9% superiores em volume às do ano-safra anterior. Ao todo, foram comercializadas 33,9 milhões de sacas de 60 quilos, segundo balanço divulgado nessa terça-feira (8) pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Mas, se por um lado o resultado é positivo, porque consolida o país como líder mundial na produção do grão, por outro, prejudicou os estoques nacionais.
E a situação agrava-se diante das estimativas de queda na próxima safra, provocada pela seca que afetou as lavouras, no início deste ano. É que, em média, o Brasil exporta 32 milhões de sacas e consome 20 milhões, mas, de acordo com projeções da Conab, a colheita do ano que vem deverá totalizar, no máximo, 45 milhões de sacas.
“Esses números confirmam que o fornecimento será complicado. Vão faltar sete milhões de sacas, então, teremos que utilizar o nosso estoque de passagem, que será pequeno, já que exportamos mais nos últimos 12 meses”, afirma o corretor de café da corretora Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes.
Desequilíbrio
Segundo ele, a margem apertada com que o país vem trabalhando tende a ser ainda pior nos próximos anos. Com a produção e os estoques em declínio, o corretor ressalta que haverá grande dificuldade no suprimento do grão.
“Há um equilíbrio precário entre o que o Brasil produz, o que precisa ser exportado e o que é consumido aqui. Se tivermos boas chuvas no segundo semestre, estancaremos as perdas para a safra 2014/2015, mas isso não vai fazer com que apareça café para a safra seguinte. Aliás, alguns produtores já demonstram preocupação até com a formação de mudas”, diz Carvalhaes.
Isso porque, mesmo no cerrado mineiro, onde grande parte da cultura cafeeira é irrigada, o nível das represas que abastecem as lavouras está diminuindo, prejudicando a produção.
Desvalorização
Já a receita com as exportações no ano-safra 2013/2014 caiu 11,6%. Esse recuo é outro fator preocupante. Em junho do ano passado, o balanço das vendas externas foi de US$ 6,02 bilhões, enquanto no mesmo período deste ano foi de US$ 5,32 bilhões.
Na avaliação do Cecafé, o quadro de baixa continuada nos preços observado até janeiro justifica esse movimento. Em outubro do ano passado, por exemplo, a cotação do grão chegou a US$ 108,49, 60,6% a menos do que a da última segunda-feira (US$ 174,29).
“Isso significa dinheiro a menos no bolso do cafeicultor brasileiro e esse é um dado importante. Atualmente, os preços estão remunerando o produtor, mas já há quem fale que eles vão cair de novo”, afirma o corretor.
Compra foi antecipada
A alta no volume exportado, nos últimos 12 meses, é atribuída à especulação do mercado internacional, que esperava uma safra recorde em 2015. Mas, como a seca frustrou a projeção, os principais importadores anteciparam as compras, resultando no aumento do embarque do grão.