Em artigo publicado no jornal Estado de Minas desta o presidente do SISTEMA FAEMG, Roberto Simões, fala sobre as principais reivindicações do setor para o governo Estadual. Segundo ele, Minas pode mais uma vez sair na frente, com planejamento da produção rural de médio e longo prazos.
O agronegócio é um dos principais responsáveis pelo desempenho positivo da economia de Minas. O estado lidera a produção nacional e a exportação de café; ocupa também o primeiro lugar em leite e outros importantes alimentos. As estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o valor da produção mineira já alcança a faixa de R$ 34 bilhões/ano.
Consideradas todas as cadeias produtivas, a participação do agronegócio supera um terço do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. O setor garante emprego a cerca de 20% da população economicamente ativa do estado. Esse breve resumo de seu atual significado econômico e social credencia a agropecuária a apresentar reivindicações, cobrar correções e, sobretudo, a defender políticas públicas de crescimento.
E é para a modernização, crescimento e consolidação da importância estratégica do campo que os produtores chamam a atenção do futuro governador de Minas. Todas as projeções técnicas indicam acentuada expansão dos mercados brasileiro e mundial de alimentos, como decorrência do aumento da população e da renda, abrindo oportunidades excepcionais de incremento da produção e do faturamento rural.
Não pode, porém, ser ignorado o outro lado da questão: o atendimento da demanda crescente precisa ser sustentável, para ser duradouro. O desafio é gigantesco, porque mais produção não exigirá só investimentos em pesquisas e novas tecnologias, mas políticas públicas capazes de garantir ao setor rural condições para enfrentar uma concorrência bem preparada tecnicamente e comercialmente agressiva.
Nesse contexto, a principal reivindicação é a transformação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) em órgão realmente estruturado para solucionar, com presteza, os problemas de um setor em permanente transformação.
Já pioneira em numerosas iniciativas, Minas pode mais uma vez sair na frente com a introdução de planejamento da produção rural de médio e longo prazos. A agropecuária cresceu muito, mas pode ir bem mais longe, se encarada como o fazem europeus e norte-americanos: administrar os problemas do dia a dia, os imprevistos, sem perder o futuro de vista. Como, no campo, é cedo que começa o dia, não há mais tempo para protelações.
Assim, será possível atender, de forma ordenada, às necessidades rurais do estado, como segurança jurídica, investimentos em pesquisas, tecnologias para produtividade, inovação e extensão rural. A nova legislação florestal mineira tem de ser efetivamente implantada. De uma vez por todas, é preciso entender que a preservação ambiental será sempre vital para o homem do campo, que vive na natureza e dela depende.
A logística é outro obstáculo a ser enfrentado com determinação. Não é possível continuar transportando alimentos em condições tão precárias e com tanto desperdício. Quando houver melhores estradas e ampliação das ferrovias e hidrovias, não só a agropecuária, mas todos os negócios serão beneficiados.
Polos agrícolas, como o Jaíba, maior produtor de frutas de Minas, precisam ser revitalizados. Cerca de R$ 500 milhões já foram investidos na região e o estado não pode cometer o erro de permitir que um investimento dessa magnitude se perca. Simultaneamente, Jequitaí, cujo projeto de engenharia já está pronto, precisa sair logo do papel, para participar do processo de consolidação da agropecuária mineira.
Em síntese, a força do campo tem de ser, finalmente, reconhecida. Os produtores rurais querem o diálogo franco e aberto com o novo governo que será empossado em janeiro de 2015 e uma Secretaria de Agricultura forte, atuante e capaz de manter uma parceria profícua com os agricultores, pecuaristas e entidades do setor. O documento “O que esperamos do próximo governador”, entregue aos candidatos, mostra, em linhas gerais, a política agrícola que Minas não pode mais procrastinar.
O agronegócio mineiro não se limita a reivindicar, mostra o que quer e tem competência para trabalhar com o estado. Chegou a hora de termos na política a mesma representação que conquistamos na economia, com suor diário e comprometimento social.
Roberto Simões
Presidente do SISTEMA FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais