Num país que enfrenta adversidades econômicas, sociais e políticas, superáveis, como no caso do Brasil, é auspicioso ressaltar novamente o desempenho histórico do agronegócio e que resulta de uma conjunção estimulante que converge os mercados interno e externo, empreendedores rurais, pesquisadores, a assistência técnica, extensão rural, adoção de inovações tecnológicas nas culturas e criações em nível de campo. Alinham-se as crescentes demandas por alimentos de origem animal e vegetal para atender ao abastecimento interno, às exportações e agroindústrias na diversidade das regiões produtoras.
Além disso, e por consequência, milhões de empregos são gerados não apenas nos cenários rurais como também se multiplicam ao longo dos sistemas agroalimentares. Em 2015, a agricultura brasileira deu um saldo positivo de quase 10 mil empregos num cenário de considerável desemprego na indústria, no comércio e nos serviços e um superávit nas exportações do agronegócio de US$ 75,15 bilhões.
Noutra abordagem, a presumível safra agrícola de 210,7 milhões de toneladas, 2015/16, que poderá ser um novo recorde, não deixa de ser um alívio à economia nacional. Na cafeicultura, emblemática, por seus desdobramentos socioeconômicos, se estima uma safra substantiva entre 49 e 51 milhões de sacas beneficiadas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab 1ª estimativa).
Esse esperado desempenho é relevante para Minas Gerais, que lidera a cafeicultura brasileira com a média histórica de 50,0% da oferta anual de café. Podem-se agregar ainda os esforços tecnológicos do Certifica Minas Café, programa que reúne a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Emater-MG, IMA e os cafeicultores mineiros.
As inovações adotadas na agricultura passam pelo eixo da irrigação e para irrigar é estratégico que as chuvas sejam bem distribuídas em volumes suficientes, haver reservação de água, embora seja ela para múltiplos usos, e a adoção do manejo correto dos recursos hídricos numa perspectiva de bacias hidrográficas. Estima-se que a área irrigada mineira seja de 600 mil hectares, num potencial de 2,5 milhões e, em nível de país, atinja 6 milhões num potencial de 30 milhões de hectares. Um desafio e tanto, que envolve os empreendedores familiares, médios e grandes empresários.
Houve substantivos ganhos de produção e produtividade por unidade de área cultivada e por unidade animal, entretanto, pode-se avançar muito mais num horizonte de tempo ao acessar a ciência, tecnologia e praticar o conceito de sustentabilidade dos recursos naturais, o que não pode ser uma obra hercúlea em função da dimensão geográfica e territorial dos 5,2 milhões de estabelecimentos rurais brasileiros, dos quais 551.617 estão em Minas Gerais, segundo o Censo Agropecuário de 2006, vigente.
Por fim, há que saudar a possibilidade de que o Censo Agropecuário de 2016 se confirme e revele uma nova e promissora leitura agroeconômica, social e ambiental das paisagens rurais de Minas e do Brasil.
Benjamin Salles Duarte
Engenheiro agrônomo