A febre aftosa é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, que acomete bovinos, ovinos, caprinos e suínos. Ela causa grandes perdas produtivas, além da interrupção da comercialização da carne e derivados e de animais vivos para o mercado internacional. Hoje, o rebanho bovídeo brasileiro está livre desse mal com vacinação, segundo informações do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Para discutir a situação atual e os rumos do status da febre aftosa no país, o Grupo de Trabalho de Sanidade da CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil) se reuniu, na semana passada, em Brasília, para uma reunião. O tema de maior interesse é a possibilidade de o Brasil se tornar livre de aftosa sem vacinação do rebanho perante a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).
A consultora em defesa agropecuária da CNA, Tania Lyra, apresentou a situação atual da febre no Brasil, com destaque no histórico do rebanho bovino brasileiro num paralelo aos casos da aftosa e prejuízos no decorrer dos anos frente ao mercado internacional de carnes. Lyra também comentou sobre os últimos casos registrados no Brasil e nos países fronteiriços, com base em dados do mapa 2015 da OIE para a condição sanitária de febre aftosa no mundo. “O Serviço Veterinário Oficial é muito competente nesse aspecto e contribuiu para o status sanitário brasileiro atual”, observou.
Tania Lyra também falou sobre a necessidade de estratégias em áreas livres de febre aftosa com e sem vacinação e reforçou a necessidade de recaracterização dos circuitos pecuários, com ênfase na prevenção, nas barreiras e nas emergências diante de um possível foco. Por fim, demonstrou a importância da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA), bem como a extrema necessidade de fundos federais para manutenção da sanidade agropecuária, principalmente nas fronteiras internacionais.
Para o coordenador do Grupo de Trabalho de Sanidade da CNA e superintendente técnico da FAEMG, Altino Rodrigues, esse debate veio em hora certa e é importante para o setor produtivo e demais elos da produção. Rodrigues lembrou que o GT de Sanidade apoia a iniciativa privada e reforça a necessidade de avaliação técnica dos órgãos estaduais de defesa sanitária para possível intervenção da CNA juntos às federações de agricultura.
O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, explicou que “a pecuária brasileira se encontra numa provável estabilidade sanitária, num momento em que o status do país deve avançar”. Marques avaliou o motivo pelo qual é exercida a vacinação contra febre aftosa, que é custeada pelo produtor, e considerou o histórico de focos da doença no Brasil destacando que países vizinhos melhoraram suas condições de sanidade. Também apontou que estudos do ministério indicam que não há circulação viral no país como resultado do empenho do produtor brasileiro que cumpre seu papel de vacinar e denunciar a minoria que não vacina o próprio rebanho. Esse esforço conjunto permite reconhecimento internacional pela sanidade brasileira bem como sustenta as exportações de carnes.
O assessor técnico de bovinocultura de corte da CNA, Rafael Linhares, apresentou as propostas separadas do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e da Tuberculose, comentando sobre os principais pontos que requerem opinião do MAPA, tais como médico veterinário habilitado para exames de triagem na propriedade, marcação de animais positivos com a letra P, custos inerentes ao produtor, comunicação online, exame de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) e ELISA no diagnóstico de brucelose e tuberculose.
A reunião do GT de Sanidade estabeleceu como resoluções: participação, com reunião do GT de Sanidade da CNA, no IV Encontro Nacional de Defesa Sanitária Animal de 19 a 23 de outubro em Cuiabá MT; participação do Seminário de Avaliação do Sistema Veterinário Brasileiro – Ferramenta PVS (Prestação de Serviços Veterinários) da OIE – 26 de agosto de 2015, na sede do MAPA, Brasília DF; solicitar via ofício ao MAPA, retorno das reuniões em circuitos pecuários, para discussão da evolução do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
Participaram do debate, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, representantes do Instituo CNA, do MAPA, da ABPA, das federações de agricultura e pecuária dos estados de Minas Gerais (FAEMG), Goiás (FAEG), Paraná (FAEP), Mato Grosso (FAMATO), Santa Catarina (FAESC), Mato Grosso do SUL (FAMASUL), Acre (FAEAC), Alagoas (FAEAL), Maranhão (FAEMA), Pará (FAEPA), Rio Grande do Sul (FARSUL) e Tocantins (FAET).