Depois de fechar vários meses com tombos mais expressivos, os preços do café arábica chegam ao final de novembro com maior equilíbrio, tomando por base a Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures). Enquanto o arábica “andou de lado” no mês, o robusta no balanço do período teve uma boa subida na Bolsa de Londres. Esse quadro foi seguido no mercado brasileiro, que teve ainda na alta do dólar um fator de sustentação.
O cenário fundamental não mudou para o café. Segue a ideia de que a oferta mundial é superior à demanda, o final de ano marca a entrada da safra de arábica de alta qualidade da Colômbia e da América Central, e no caso do robusta há a ampla produção do Vietnã. Enquanto isso, os grandes compradores continuam tranquilos, mantendo estoques curtos e sem problemas para suas estratégias e aquisições.
Para o arábica, a notícia de prorrogação das dívidas no Brasil não teve grandes efeitos na Bolsa de Nova York. Talvez por já ser algo esperado, ou por ter demorado tanto a se concretizar. Naturalmente isso é aspecto positivo no que tange aos fundamentos, já que o alongamento dos débitos significa fôlego para o produtor brasileiro, que tende a segurar mais a oferta.
Segundo o analista de Safras & Mercado Gil Barabach, além da prorrogação das dívidas, os fatores de alta no momento são o menor interesse de venda dos fundos, a possibilidade de que o governo entre com mais alguma medida – como o Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), além das notícias de programa de estocagem no Vietnã para o robusta.
Aliás, diz o analista, o robusta se sustentou muito bem em Londres em novembro. Entre os motivos, chuvas excessivas que atrapalharam a colheita e essa sinalização de que o governo do Vietnã pode ajudar os exportadores num plano de armazenamento dos grãos para se aguardar por melhores preços.
Por enquanto, o Vietnã ainda mantém um bom fluxo de suas vendas, devendo fechar novembro com bom crescimento nas exportações contra o mesmo mês do ano passado, o que limita avanços nas cotações. Outro fator negativo para o mercado, do arábica e robusta, segundo Barabach, é o clima favorável no Brasil com vistas à safra 2014.
A demanda mundial compassada, tranqüila, mesmo na entrada do inverno no Hemisfério Norte, quando se consome mais café, é outro fator que impede voos mais altos para as cotações, destaca o analista.
Para o mercado interno brasileiro, afora a tentativa do produtor de reter os grãos de melhor qualidade e esperar pelo governo, a alta do dólar também contribuiu para o suporte dos preços no país. O dólar comercial subiu 3,7% em novembro, até o dia 28.
Assim, no balanço mensal, o café arábica bebida boa do sul de Minas Gerais subiu de R$ 245,00 para R$ 250,00 a saca, alta de 2,0% em novembro. Com a alta significativa em Londres , o robusta no Brasil subiu mais que o arábica, avançando 13,9% no balanço mensal, com o conillon tipo 7 em Vitória (ES) passando de R$ 180,00 para R$ 205,00 a saca.
Fonte: Diário do Comércio