Com quebra na safra do café na casa dos 30% por causa da seca, conforme estimativa da FAEMG, o produto pode ter mais alta nos preços para o consumidor ainda neste ano. “Os aumentos virão à medida que os preços dos insumos aumentarem”, disse o diretor executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Nathan Herszkowicz, que esteve ontem em Belo Horizonte para participar da Semana Internacional do Café 2014, no Expominas, na Gameleira, região Oeste da capital.
Ele ressalta que o preço do grão já subiu 80% em 2014, enquanto que os repasses nas prateleiras ficaram na casa dos 18% a 20%. O executivo observou que uma parte da indústria ainda não repassou o aumento para o consumidor.
Herszkowicz não arriscou percentuais de alta, já que os repasses vão depender da intensidade de alta da cotação do grão. “Na bolsa de Nova York, o aumento real já chegou a 75%, o que é bom para o produtor, mas aumenta os custos da indústria do café, que tem acompanhado com apreensão os efeitos da seca na produção”, observou. O grão representa, em média, 65% dos custos da indústria.
Apesar das perspectivas de aumento nos preços, o executivo informou que a Abic mantém sua projeção de crescimento para volume vendido e faturamento para 2014. “Não esperamos queda no consumo porque o preço do café é compatível com o orçamento doméstico. O produto ficou muitos anos sem reajuste, enquanto a renda cresceu”, diz.
Números. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), referente ao mês de agosto, subiu 0,04% com destaque para o café em grão, que teve alta de 12,04%.
O diretor da Abic disse que a receita da indústria do café nacional deve ficar em torno de R$ 8 bilhões – mesmo patamar de 2013 – enquanto o volume pode aumentar 3%, passando de 20,3 milhões de sacas para 21 milhões de sacas. “A receita pode até crescer um pouco mais, mas vai depender de quanto o preço será reajustado”, diz.
Negócios
Estimativas. Durante a Semana Internacional do Café, que vai até o dia 18, devem ser gerados R$ 85 milhões em negócios – uma alta de 15% frente ao resultado de 2013.
Seca também é problema para 2015
A seca vai influenciar não só a safra de café deste ano, mas também no resultado de 2015, conforme o produtor Cláudio Garcia. “Na região de Araguari, o prejuízo está na casa dos 10% e olha que lá a produção é 100% irrigada”, diz.
O presidente das Comissões de Café da CNA e da FAEMG, Breno Mesquita, conta que, em algumas regiões, a perda chega a ultrapassar 40%. Apesar disso, ele afirma que não vai faltar o produto. “Há estoques”, diz.
Jornal O TEMPO