Produtos estavam mais baratos em 2012 e, agora, recuperam seus preços
“Tudo subiu agora em janeiro, alguns produtos mais que dobraram de preço. Antes, eu ia com R$ 10 no bolso e voltava com a sacola cheia. Hoje, gasto cerca de R$ 25 para comprar a mesma coisa”, constata a dona de casa Vera Lúcia da Costa Santos, com os preços dos hortifrútis na ponta da língua.
“A vagem custava R$ 4 e agora compro a R$ 7 o quilo. Pelo tomate, paguei quase R$ 4, e até o final de dezembro não chegava a R$ 1 o quilo”, compara.
A explicação para a alta de preços na primeira quinzena de janeiro, que já chega a cerca de 200% para alguns itens, está nas condições climáticas dessa época do ano – sol ou chuva em excesso, é desfavorável para a agricultura – e no comportamento de recuperação de preços para os hortifrútis que estiveram mais baratos ao longo do ano de 2012.
No sacolão ABC de Minas, no bairro Santa Efigênia, o tomate passou de R$ 2,99 para R$ 4,99. O chuchu foi de R$ 0,69 para R$ 1,49. “A qualidade está boa, mas está vindo menos”, diz a gerente Marina Teodoro. No Varejão da Fartura, no centro de Belo Horizonte, o tomate pulou de R$2,99 para R$ 6,99 o quilo, e a batata e o chuchu aumentaram de R$2,49 para R$ 3,49 o quilo. “Alface, cebolinha e couve não tiveram alteração de preço, mas a qualidade está inferior. As vendas estão estáveis”, afirma o gerente do sacolão, Marcelo Alves de Castro.
CEASA. “O ano de 2012 foi complicado para os produtos mais comercializados, que, após boa safra, estavam com oferta elevada. Alguns chegaram a ter perda de área plantada porque muitos agricultores migraram para outros cultivos que estavam se tornando mais lucrativos”, explica o coordenador de Informações de Mercado da Ceasa Minas, Ricardo Fernandes Martins.
De acordo com Martins, batata, cebola e mandioca são alguns exemplos de hortaliças que passam por um processo de recuperação de preços, com altas que variam de 30% a 60%, ou até mais. “Tomate, por exemplo, subiu 23,9%, pois esta época do ano, por causa do excesso de sol ou de chuva, não é boa para os hortifrútis. Já a batata está 89,2% mais cara na mesma comparação”, diz Martins.
Apesar de a estação não ser favorável aos produtos da horta, ainda não se registram grandes perdas, apenas queda na qualidade dos produtos. Alguns, como cará, batata e abóbora não estão com bom aspecto no sacolão onde Vera Lúcia compra. “Somente a partir de maio, após os excessos da natureza, a produção de hortifrúti se estabiliza e ganha mais qualidade”, explica Martins.
Peixe será mais escasso e caro na Semana Santa
A estiagem na estação que deveria ser a mais chuvosa do ano já afetou o abastecimento de peixes para a Semana Santa. A avaliação é do agrônomo e coordenador técnico da Emater, Francisco de Paula Vitor Alves, que trabalha em Alfenas, região Sul de Minas.
Ele acompanha os criatórios de peixe da represa de Furnas e região, a maior produtora de peixes do Estado, seguida da Represa de Três Marias, e alerta para a recente perda de mil toneladas na última safra, concluída em setembro e outubro, fato que refletirá na produção dos próximos meses. “Quinhentos criadores de tilápia tiveram que lidar com uma grande mortalidade no ano passado, por causa da capacidade do reservatório, que baixou para 12%. Os produtores tiveram que vender os peixes que sobraram antes do tempo”, explica.
Alves acredita que não haverá tempo para que os peixes repostos nos criatórios, que são do sistema tanque-rede, estejam prontos para consumo até a Semana Santa. “Estimo uma perda de 3.500 toneladas. O abastecimento será comprometido e os preços irão subir”.
Fonte: O tempo