Em artigo publicado no Jornal Estado de Minas o presidente do SISTEMA FAEMG, Roberto Simões, fala sobre a importância do fortalecimento do parque agroindustrial mineiro para todos os elos da cadeia produtiva estadual.
Leia abaixo o texto na íntegra.
Minas Gerais já é uma potência agropecuária. Somo s líderes nacionais na produção de leite, café e vários outros produtos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor da produção agrícola do estado em 2012 alcançou R$ 25,4 bilhões. Mas agora chegou o tempo de avançarmos ainda mais.
Para isso, há dois caminhos. O primeiro é fortalecer e ampliar o parque agroindustrial mineiro, cujos efeitos positivos se estenderiam por todos os elos da cadeia produtiva estadual, com reflexos diretos na geração de emprego e renda dos mineiros. O segundo é investir na qualidade da produção rural, com produtos especiais (como o café) e certificados de origem.
Na questão da agroindústria, os setores de leite e café são exemplos da potência na qual o estado pode se transformar. Nos últimos cinco anos, a indústria láctea instalada em Minas deu um salto gigantesco, apoiada nos incentivos tributários concedidos pelo governo mineiro – uma resposta à guerra fiscal patrocinada por estados fronteiriços. A Itambé expandiu seu parque industrial de forma agressiva e abriu uma unidade de exportação no Triângulo. A Nestlé aumentou a captação e industrialização de leite no estado. A Embaré dobrou sua produção. Porto Alegre e Italac estão em expansão e a goiana Piracanjuba investiu em Minas Gerais.
O resultado não poderia ser melhor. A produção leiteira anual de Minas, estimada em 9 bilhões de litros (a maior do país), é praticamente toda consumida e industrializada no estado. O produtor tem comprador certo e o estado deixa de vender apenas leite in natura.
O café também apresenta resultados positivos; continuamos a ser grandes exportadores da rubiácea em grãos (a produção mineira, a maior do país, representa 50% da nacional) e a indústria de torrefação está em franco crescimento. Grandes produtores do cerrado, região que já tem certificado de origem, se preparam para abrir torrefadoras – detalhe: temos hoje mais torrefadoras em Minas Gerais do que em São Paulo. Precisamos, agora, atrair para o estado uma grande indústria exportadora de café torrado e solúvel – mas isso depende, principalmente, de negociações comerciais externas, para derrubar as enormes barreiras tarifárias que pesam sobre o café brasileiro.
O polo de frutas do Jaíba, no Norte de Minas, é um caso especial. Ali, o principal trabalho vem sendo realizado pelo Instituto Antônio Ernesto de Salvo (INAES), do SISTEMA FAEMG, e pelo Sebrae Minas, no sentido da certificação de origem (por condições climáticas, as frutas do Jaíba, como banana, manga e mamão, são naturalmente mais saborosas).
Produtores da região já obtiveram a certificação Global GAP, que permite a exportação para a União Europeia. Em breve, as frutas do Jaíba chegarão ao mercado interno com a certificação de origem – fato que garante preço melhor ao produtor. Mas o Jaíba também pode receber indústrias de sucos, polpas e doces que trabalhem com planejamento, profissionalismo e foco de mercado. Temos, na região, hoje, micro e pequenas fábricas de doces de banana (as bananinhas sem açúcar) e fábricas comunitárias de suco. Há espaço para empreendimentos de porte maior, que garantam a compra da produção agrícola e estimulem o aumento do plantio.
Há outros exemplos inspiradores, como o primeiro azeite ultravirgem brasileiro, produzido no Sul de Minas, e pesquisas desenvolvidas pela Epamig, empresa ligada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, voltadas para a produção de uvas e vinhos finos.
Esses são os caminhos: qualidade, que garante mais renda para o produtor rural, e agroindústrias que assegurem mercado estável para o homem do campo e agreguem valor à produção mineira, aproveitando também nossa privilegiada posição geográfica, próxima dos maiores mercados consumidores do país. Mais indústria gera mais demanda e mais produção agrícola. É hora de sermos ousados. É hora de avançar.
*Roberto Simões – Presidente do SISTEMA FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais)
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