Produtores dizem que preço da saca hoje não consegue cobrir todos os custos
Expectativa é de recuo de 6,65.
A produção de café na safra 2013 em Minas Gerais foi estimada em 25,151 milhões de sacas de 60 quilos, com variação percentual de 2,42% para mais ou para menos. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza um recuo da produção cafeeira em 6,65%.
De acordo com os dados da primeira Avaliação da Safra Agrícola Cafeeira 2013, elaborada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), este recuo se deve à bianualidade negativa da cultura, que foi minimizada pela expectativa de alta safra nas regiões que apresentam inversão da bianualidade.
Em Minas Gerais está concentrada a maior área em produção, com 1,24 mil hectares, predominando a espécie arébica com 97,7%. A área total estadual representa 52,49% do espaço cultivado com café no país. A produção mineira representa 51,8% do volume nacional. A produtividade média deve atingir 24,16 sacas de café por hectare.
Segundo o assessor técnico da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Niwton Castro Moraes, a redução de 6,65% ficou muito abaixo da esperada pelos produtores, o que, se concretizado, poderá contribuir para a manutenção dos preços nos níveis atuais, em torno de R$ 350, valor considerado insuficiente para cobrir os custos e gerar lucro aos cafeicultores.
“Esta é a primeira estimativa para a próxima safra e pondera apenas o período de 2 de novembro a 14 dezembro, quando é avaliada apenas a florada dos cafezais. Acreditamos que a segunda estimativa será mais realista e a queda na produção deverá ser maior que a registrada agora, já que temos regiões registrando perdas devido à seca prolongada e o período de avaliação dos grãos é mais realista. O levantamento da Conab, assim como a crise na Europa, também é balizador dos preços do café, e o volume previsto para a safra 2013 contribui para que os preços continuem no patamar atual”, disse.
Ainda segundo Moraes, nos próximos anos as estimativas de safras de café em Minas Gerais irão retratar melhor a situação dos cafezais, isto pelo georreferenciamento que será feito na cultura nos próximos meses.
De acordo com a Conab, as condições climáticas nas principais regiões produtoras do Estado favoreceram, até o momento, o desenvolvimento da safra. As primeiras chuvas de verão ocorreram em meados de outubro induzindo a formação da principal florada. A partir de então as chuvas ocorreram em forma de pancadas isoladas, com distribuição bastante irregular, mas suficientes para o bom pegamento das floradas.
Ainda segundo os dados do relatório, a bianualidade negativa da cultura foi minimizada pela expectativa de aumento da safra de café nas regiões que apresentam inversão, como a Zona da Mata, o Norte de Minas e a Serra da Mantiqueira.
Os técnicos da Conab também ressaltam que, além dos efeitos climáticos, a redução do efeito negativo da bianualidade dos cafezais, vem sendo provocada por diversos fatores, entre eles destaque para o aumento dos tratos culturais, a implantação de irrigação, o maior manejo de podas nos cafeeiros, o plantio de variedades mais produtivas e melhores adaptadas, e por fim, a renovação constante.
Regiões produtoras – A produção de café no Cerrado mineiro, que engloba as regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, deverá apresentar um decréscimo de 22,7% quando comparada com a safra anterior, atingindo 4,9 milhões de sacas. A área de café em produção teve um incremento da ordem 0,79%, devido à incorporação de lavouras que se encontravam em formação e renovação.
Para a produtividade a redução estimada é de 23,3%, passando de 36,99 sacas por hectare em 2012, para 28,37 sacas por hectare em 2013. A redução de 22,7% na produção de café para a safra 2013 na região do cerrado mineiro se deve principalmente ao fator bianualidade negativa da cultura.
Na Zona da Mata o levantamento da Conab aponta para um aumento da produção em 25,5% quando comparados com a safra anterior. A área em produção para a região está estimada em 308,35 mil hectares, crescimento de 1,43% em relação à safra passada. A produtividade média estimada é de 25 sacas por hectare. A expectativa de crescimento se deve à bianualidade positiva das lavouras e às condições climáticas favoráveis no período pós-florada.
A produção para a região do Sul e Centro-Oeste de Minas está estimada em 11,834 milhões de sacas, redução de 14,2% quando comparada à safra 2012. A queda foi minimizada pela produção das regiões da Serra da Mantiqueira e Centro-Oeste onde foi detectado crescimento na produção devido ao incremento de manejo e inversão da bianualidade.
Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, as precipitações foram suficientes para o bom pagamento dos frutos, que, aliado ao incremento dos tratos culturais, e aos altos investimentos em tecnologia de irrigação, sinalizam mais uma excelente safra para 2013. A produção estimada para a região é de 795,187 mil sacas de café, com uma produtividade média de 21,3 sacas por hectare.