Para o cafezinho brasileiro chegar ao consumidor com melhor qualidade começa este mês um grande projeto de mapeamento da cafeicultura de Minas Gerais, Estado que é o maior produtor nacional do grão e responsável por mais de 50% da safra brasileira.
O objetivo é fazer um amplo “inventário” quantitativo e qualitativo dos cafeeiros do Estado para catalogar as diferentes variedades do grão que produzem os melhores cafés em cada microrregião e, assim, estabelecer os “blends” que poderiam ser feitos para se obter uma bebida com mais qualidade.
A iniciativa é da Ufla (Universidade Federal de Lavras), em parceria com cooperativas e a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais).
É a primeira vez que um trabalho com o objetivo de estabelecer um maior valor de comercialização para o produto, principalmente o café torrado e moído, é feito no país, segundo o reitor da Ufla, José Roberto Scolforo.
No fim de fevereiro, foi assinado convênio entre o governo mineiro e Secretarias de Agricultura e Ciência e Tecnologia no valor de R$ 4,5 milhões destinados à primeira fase do programa batizado de Geoportal do Café: Inventário Quantitativo e Qualitativo da Cafeicultura em Minas Gerais. Essa etapa inclui o mapeamento por satélite e o trabalho no campo. O parque cafeeiro de Minas, estimado em 1,04 milhão de hectares em produção para a safra 2013/14, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), será mapeado com o auxílio de satélite de boa resolução. Após o mapeamento, serão feitas amostragens de campo em cada local analisado, etapa que deverá começar até o início de maio do próximo ano.
Depois das análises das amostras, a previsão é obter em um ano e meio os resultados finais, que estarão disponíveis na Internet. “Acredito que vamos chegar a um excepcional resultado e teremos apoio dos produtores. Representa um benefício direto para o produtor”, afirma Scolforo.
“Minas Gerais tem características no café semelhantes às produções no mundo todo, o que favorece a indústria a trabalhar com blends”, diz Edinaldo José Abrahão, gerente do Polo de Excelência do Café, um comitê gestor formado por 17 entidades públicas e privadas.
Finalizado, o projeto permitirá que determinada microrregião com qualidade ruim possa substituir as variedades cultivadas. Também será possível estabelecer um método mais preciso para levantamento de safra, não apenas com mapeamento por satélite, mas com amostragem no campo.
Fonte: Valor