A produção total de café em Minas Gerais, segundo o terceiro levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), foi estimada em 21,86 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2015. Em comparação com a safra 2014 o resultado sinaliza redução de 3,5%. A área em produção totaliza 967,5 mil hectares, 2,8% abaixo da safra passada. Além da redução da área, as interferências climáticas também contribuíram para que a produção ficasse menor. Minas Gerais responde por 51,86% da safra nacional de café.
A produtividade média do Estado está estimada em 22,59 sacas de 60 quilos por hectare. Em comparação com a safra 2013, que tem bienalidade equivalente à atual, a retração foi estimada em 21%, com redução de produção em todas as regiões pesquisadas. No Sul de Minas, a queda na produtividade deve atingir 23,2%, seguida pela Zona da Mata, com redução de 19,4%, Cerrado mineiro, com queda de 18,8%, e Norte de Minas, com 13,8%.
“Minas Gerais vai encerrar a safra de café com queda na produção. Houve redução da área, motivada pelo aumento das podas, medida adotada pelos cafeicultores em busca de recuperar as lavouras que foram prejudicadas pelo clima. Em 2014 e no início deste ano tivemos uma intensa seca, o que agravou a situação dos cafezais, principalmente do Sul e do Cerrado, regiões que concentram cultivo bastante significativo, e a bienalidade é negativa”, explica a coordenadora da assessoria técnica da FAEMG, Aline Veloso.
Qualidade
Ainda segundo Aline, no atual período produtivo, a safra mineira vem sofrendo os efeitos da escassez hídrica e um dos principais impactos é na redução do tamanho dos grãos. “O que já se confirmou é que houve queda na carga produtiva do grão do café, que não se desenvolveu suficientemente e reduziu o rendimento dos grãos beneficiados. Os cafeicultores estão gastando mais volume de café para encher uma saca”.
A safra de café do Sul de Minas, maior do Estado, foi reavaliada para baixo no terceiro levantamento. A expectativa é colher 10,25 milhões de sacas, 5,09% abaixo da estimativa divulgada em junho e 5,1% menor que na safra 2014. Ao ser comparada à safra 2013, que totalizou 13,36 milhões de sacas, e ao recorde de produção alcançado na safra 2012, com 13,79 milhões de sacas, a retração foi bem mais significativa, 23,2% e 25,7%, respectivamente.
A área de café em produção no Sul de Minas retraiu 5,3%, passando para 474,6 mil hectares. A produtividade média projetada para este ano no Sul de Minas é de 21,6 sacas por hectare, superando em apenas 0,2% o resultado alcançado em 2014, mas 15,7% abaixo dos níveis atingidos na safra 2013, que foram de 25,62 sacas por hectare.
Brasil deverá colher 42,15 milhões de sacas
O Brasil deverá colher 42,15 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado este ano, de acordo com a estimativa para a safra 2015 das espécies arábica e conilon. O resultado, em período de baixa bienalidade da cultura, representa redução de 7% em relação à produção de 45,34 milhões de sacas obtidas em 2014. o que indica o terceiro levantamento, divulgado ontem pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O estudo foi realizado entre os dias 2 e 15 do mês passado.
Em relação ao levantamento de 44,28 milhões de sacas, divulgado em maio, observa-se uma redução de 4,8%, o que corresponde a menos 2,1 milhões de sacas. Essa se deve, principalmente, à queda na carga produtiva de café em coco, mensurada por ocasião da colheita, além da redução no rendimento do café no beneficiamento.
O café arábica representa 74,2% da produção total do País. Para esta safra, estima-se que sejam colhidas 31,3 milhões de sacas. Esse resultado marca uma redução de 3,1% e deve-se, principalmente, ao expressivo decréscimo de 1,534 milhão de sacas no Cerrado mineiro e 753,9 mil em São Paulo, correspondendo a 26,8 e 16,4%, respectivamente, de queda frente à safra 2014.
O café arábica apresenta ganho de produção apenas na Zona da Mata mineira, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A região de Minas está em ano de bienalidade positiva e, apesar das condições climáticas adversas, a produtividade é satisfatória.
No Paraná, a produção recupera-se das condições climáticas adversas, principalmente em razão das baixas temperaturas, que afetaram a safra 2014. No Espírito Santo, a produção é superior à safra anterior, mesmo sendo afetada pelas condições climáticas adversas nesta safra.
Conilon
A produção do conilon, estimada em 10,9 milhões de sacas, representa redução de 16,7%. Esse resultado deve-se, principalmente, à queda da produção no Espírito Santo, maior estado produtor da espécie, causada pela estiagem da safra atual. As lavouras do Estado foram afetadas por déficit hídrico, elevadas temperaturas e grande insolação em dezembro de 2014, janeiro e fevereiro de 2015, período de formação e enchimento de grãos, o que levou à má formação dos grãos, menores e mais leves.
Rondônia e Bahia, segundo e terceiro maiores produtores, apresentam ganho de produção de café conilon. Em Rondônia, as condições climáticas foram favoráveis durante todo o ciclo da cultura e na região do Atlântico (BA), apesar de uma baixa restrição hídrica em janeiro/fevereiro, a produção ainda assim será superior à da safra 2014, reflexo também do ganho de área de 8,1%.
Com relação à área total plantada no País (espécies arábica e conilon), o levantamento apura que totaliza 2,246 milhões de hectares, 0,4% inferior à da safra passada e corresponde à redução de 8,455 mil hectares. Desse total, 316,6 mil hectares (14,1%) estão em formação e 1,930 milhão de hectares (85,9%) estão em produção.
Com relação ao café arábica, a área plantada no País soma 1,774 milhão de hectares. Para a nova safra, houve acréscimo de 0,1% (1,815 mil hectares). Minas Gerais concentra a maior área com a espécie, 1,181 milhão de hectares, seguido de São Paulo, com 215,1 mil hectares. Para o café conilon, o levantamento indica redução de 2,1% na área, estimada em 472,6 mil hectares. Desse total, 432,9 mil hectares estão em produção e 39,7 mil hectares em formação.
Zona da Mata: bienalidade positiva favoreceu lavoura
Para a região do Cerrado mineiro, que engloba o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, a estimativa de produção de café é de 4,23 milhões de sacas. Quando comparada com a safra anterior a produção apresenta redução de 26,6%. A área total de café na região está estimada em 204,1 mil hectares, sendo 170,6 mil hectares em produção e 33,5 mil hectares em formação e renovação. A área em produção diminuiu em 2,1%, em razão de reformas nas lavouras.
A estimativa para a produtividade média é de redução próxima a 25%, caindo de 33,06 sacas por hectare em 2014, para 24,8 sacas por hectare em 2015. Os dados obtidos pela Conab apontam redução da ordem 16,3% na produtividade, quando comparado com o levantamento realizado em maio de 2015. A redução na região do Cerrado se deve à bienalidade negativa da cultura, à intensificação das podas com redução da área em produção e às intempéries climáticas ocorridas durante 2014 e início deste ano.
Na Zona da Mata, a estimativa da Conab aponta para uma produção de 6,7 milhões de sacas, volume 26,4% maior, devido à bienalidade positiva das lavouras, ao aumento da área em produção, à melhoria dos tratos culturais incentivados pela recuperação dos preços do café em 2014 e às boas floradas ocorridas na região.
A área em produção está estimada em 288,3 mil hectares, incremento de 1,4% em relação à safra passada. A produtividade média cresceu 24,7% em relação à safra anterior, passando de 18,64 sacas por hectare em 2014 para 23,25 sacas por hectare neste ano.
A safra 2015 da Zona da Mata está apresentado alguns lotes de café com qualidade diferenciada, o que foi confirmado durante o concurso Coffee of the Year 2015, realizado ao longo da Semana Internacional do Café (SIC), onde foram premiados os 10 melhores cafés. Do total, quatro lotes vencedores foram da região das Matas de Minas, incluindo o primeiro lugar no certame, com o lote produzido no município do Alto Caparaó.
De acordo com a Conab, no Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri a produtividade estimada retraiu 10,3% em relação a 2014, caindo de 22,06 sacas por hectare para 19,78 sacas por hectare. A estimativa é que, na safra atual, a produção total de não supere 670 mil sacas, 13% inferior à safra de 2014, que foi de 770,1 mil sacas. Na safra de 2015 a área total a ser colhida deve ser de 33,8 mil hectares, redução de 3% em relação à safra de 2014.
Diário do Comércio