22 de março é Dia Mundial da Água. A comemoração foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993, para chamar a atenção da sociedade sobre esse recurso em crescente escassez no planeta. A cada ano um tema é escolhido para dar o tom às celebrações pelo mundo. O deste ano não poderia ser mais pertinente à realidade que enfrentamos: Água e Desenvolvimento Sustentável.
O Brasil, nação que detém a maior reserva de água doce da Terra, lida com a escassez. À medida que avança, 2015 confirma as previsões da Agência Nacional de Águas sobre o risco de vir a faltar. Problemas de abastecimento de água já afetam mais da metade dos municípios brasileiros, impactando 125 milhões de pessoas nas zonas urbanas do país. Afeta também a economia na mesma proporção em que se desidrata a produção rural.
A crise é iminente e a solução requer tratamento célere. De imediato precisamos, nós todos – cidadãos e instituições urbanas e rurais adotar o consumo consciente, racional – economizar mesmo. Mas, para garantir nossa sobrevivência neste planeta, temos a obrigação de incorporar o consumo sustentável. Essa é a solução. Porém, em vez de agir e propagar a urgente mudança nos hábitos de consumo e de produção, nossa sociedade está focada em achar culpados para a conta exorbitante que estamos pagando. Foi assim que o agronegócio, de sustentáculo da economia nacional, passou a vilão da seca.
Tem sido propagado um mapa de consumo da água no qual 61% dos recursos provenientes dos mananciais brasileiros destinam-se ao uso rural – 54% vão para a irrigação agrícola; 6% são consumidos nos bebedouros dos animais, e 1% é despendido nas residências do campo. Já no meio urbano, os domicílios demandam 27% da água, enquanto a indústria sorve a porção de 12%.
No entanto, junto com esse mapa não vem a explicação de que a distribuição e o uso dos recursos hídricos no Brasil são desiguais. Nos índices de consumo, por exemplo, da bacia hidrográfica do Rio Paraná (onde se situa a metrópole paulistana), os usos doméstico e industrial da água ultrapassam metade da demanda total. Nessa região, a produção agropecuária utiliza praticamente água das chuvas. Já na bacia do Rio São Francisco, que corta o semiárido brasileiro, os domicílios urbanos e a indústria usam, conjuntamente, apenas 18% da água, ante os 77% destinados à irrigação sem a qual não haveria produção agrícola na região.
Aqui, temos outro porém que merece destaque: a expansão da agricultura irrigada se dá com base em tecnologias que permitem a gestão eficiente do consumo de água e energia e tornou-se prática imprescindível para o desenvolvimento sustentável do país, viabilizando milhares de empregos no campo, gerando prosperidade econômica em diversas regiões outrora deprimidas e garantindo o nosso alimento de cada dia a preços acessíveis.
Mas, voltemos à questão principal: a tarefa que está nas mãos de todos nós e deve ser empreendida com afinco não apenas para achar culpados, mas para integrar soluções. A agricultura já está fazendo a sua parte.
A grande contribuição que o setor pode dar ao déficit hídrico está na outra ponta do problema: a oferta de água. A Faemg está estruturando um programa por meio do qual o produtor rural poderá vir a ser também “produtor de água”. Como? Criando-se os meios para investir no desenvolvimento e difusão de técnicas de conservação do solo e da água, dereservação dos recursos hídricos (barragens, barragens subterrâneas e barraginhas), de recuperação e preservação de nascentes, entre outras práticas e tecnologias. Contudo, só obteremos resultados se tivermos o apoio de todos, inclusive dos governos para desmistificar tabus e desburocratizar normas retrógradas que coíbem o uso de técnicas que, verdadeiramente, beneficiarão a todos