Entre os setores, somente a agropecuária não apresentou retração no PIB (Produto Interno Bruto) quando comparado o resultado do segundo trimestre com o primeiro. Neste caso o desempenho foi de 0,2%, enquanto o segmento de serviços apresentou baixa de 0,5% e a indústria de 1,5% na mesma base de comparação.
Apesar disso, o superintendente do INAES, Pierre Santos Vilela, destaca que o perfil da contribuição do setor para o PIB é nítido: primeiro semestre de crescimento, segundo semestre de retração. O motivo, conforme ele, se deve às safras. “E neste ano ainda temos o agravante da seca. Se nos dois primeiros semestres o crescimento foi pequeno, no segundo certamente haverá retração”, afirma.
Vilela lembra ainda que a participação da agropecuária não é tão grande na composição e que por mais que haja crescimento o setor raramente consegue compensar as perdas da indústria e dos serviços. “Isso somente ocorre quando o crescimento é muito expressivo, como foi o caso de 2013, cujo resultado estava compensando o 2012 que havia sido ruim”, diz.
Consumo
No caso do recuo de 0,5 observado em serviços, o do economista da Fecomércio Minas (Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais), Juan Moreno de Deus, atribui principalmente ao desaquecimento econômico geral, embora o consumo das famílias tenha apresentado estabilidade com pequeno crescimento de 0,3% no segundo trimestre de 2014 frente ao primeiro.
“O consumo das famílias vem caindo e o nível das atividades tanto no comércio quanto em serviços também. A inflação está em alta, o crédito diminuindo e os impactos junto aos consumidores e, conseqüentemente, ao desempenho destes setores são inevitáveis”, explica.
Quanto as medidas para reverter a situação, Moreno de Deus avalia que as medidas tomadas pelo até agora pelo governo foram pontuais e não estão mais surtindo efeito. Neste sentido ele diz que a formação bruta de capital fixo precisaria estar crescente, enquanto permanece em retração.
Já em relação à indústria, o gerente de Economia e Finanças da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Guilherme Leão, afirma que o recuo de 1,5% já era esperado. Ele destaca também que a maioria das atividades industriais apresentou retração, exceto a extração mineral.
“Alguns segmentos industriais estão dando férias coletivas para os funcionários ou iniciando processos de demissões, como é o caso da indústria automotiva, gerando um desempenho negativo em ciclo, já que se trata de um segmento com grande demanda”, alerta.