Fatores climáticos desfavoráveis e recessão econômica no País interferiram no ritmo de abates de bovinos em 2015, o que contribuiu para aumentar a demanda por outras carnes. Segundo a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo chegou a 12,3% em Minas Gerais.
Com menor oferta de boi gordo, os preços finais da carne foram alavancados, fazendo com que os consumidores migrassem para opções mais acessíveis, como o frango e a carne suína, cujos abates subiram 7,7% e 2,8%, respectivamente.
O supervisor das pesquisas agropecuárias do IBGE Minas Gerais, Humberto Silva Augusto, atribui esses resultados à situação econômica e às condições climáticas do País, que prejudicaram os pastos.
“Nos últimos dois anos, registramos chuvas bem abaixo do normal, o que provocou queda na qualidade da pastagem. Este fator prejudicou a pecuária de corte e de leite, já que em Minas Gerais a prática do confinamento ainda é pequena. Além disso, o aumento do desemprego e a queda na renda da população, fizeram com que os consumidores buscassem opções de carnes mais acessíveis que a bovina, o que impulsionou o abate de frangos e suínos”, explicou.
Segundo os dados do IBGE, ao longo de 2015 foram abatidos em Minas Gerais 2,8 milhões de bovinos, queda de 12,3% frente ao ano anterior, quando o número de animais alcançou 3,24 milhões de cabeças. O peso das carcaças também foi menor, 10,8%, somando 665 mil toneladas.
Somente no quarto trimestre, o abate de bovinos recuou 14,6%, totalizando 645,6 mil cabeças. O peso das carcaças foi de 156,9 mil toneladas, retração de 10% frente a igual período de 2014.
Também refletindo os efeitos negativos da seca, a produção de leite industrializado no Estado ficou 2,3% menor em 2015, encerrando o período com 6,43 bilhões de litros. No quarto trimestre, o volume industrializado ficou praticamente estável, com pequena variação negativa de 0,7%, e somando 1,69 bilhão de litros.
“Em 2015, os preços da carne de boi foram impulsionados pela oferta menor e os consumidores buscaram alternativas mais acessíveis, como as carnes de frango e de suínos. O crescimento destas produções pode ser rapidamente controlado conforme a demanda, já que os animais são confinados e os efeitos climáticos amenizados”, explicou Augusto.
Incremento
Ao contrário do leite e da carne bovina, a produção de frangos e suínos foi ampliada em 2015. O levantamento do IBGE mostra que o abate das aves, no Estado, alcançou 444,1milhões de animais, elevação de 7,7%. O peso das carcaças, 895,4 mil toneladas, cresceu 5,1%.
Em relação ao quarto trimestre, o abate de frangos cresceu 12%, somando 116 milhões de cabeças. O peso das carcaças superou em 8,2% o registrado em igual intervalo de 2014, somando 227,6 mil toneladas.
No ano passado foram abatidos 5,11 milhões de suínos, número 2,8% superior ao registrado em 2014. No período, o peso das carcaças também foi ampliado, 3,2%, somando 429,7 mil toneladas. Ao longo do último trimestre de 2015, o abate de suínos foi 6,9% maior, com 1,37 milhão de animais. O peso das carcaças ficou 7,6% maior, 113,6 mil toneladas.
No período, a produção de ovos de galinha caiu 1,6% em 2015, somando 287,5 milhões de dúzias. No último trimestre do ano, o recuou foi de 3,5% com produção de 72,4 milhões de dúzias. O efetivo de galinhas cresceu 4,3%, encerrando o quarto trimestre com 14,1 milhões de galinhas poedeiras.
Diário do Comércio